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Ex-assessor afirma ter "usado" deputado para pedir dinheiro
João Paulo de Moura diz à Justiça que nome de Paulinho foi citado "indevidamente"
Consultor da Força Sindical confirmou anteontem que a sigla "PA", mencionada em grampos e papéis, era, de fato, referência ao pedetista
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em depoimento de três horas e meia anteontem na Justiça Federal, João Pedro de Moura, consultor da Força Sindical
em São Paulo e ex-assessor do
deputado federal Paulo Pereira
da Silva (PDT-SP), admitiu que
pedia, em nome do congressista, dinheiro a integrantes do
grupo investigado pela Polícia
Federal por suposto desvio de
recursos do BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social).
As informações partiram dos
advogados de Moura, do escritório Castelo Branco Advogados, que acompanharam o interrogatório prestado à 2ª Vara
Federal. O consultor, contudo,
alegou ter usado "indevidamente" o nome do deputado e
que o dinheiro não chegou às
mãos de Paulinho. Apenas por
conta de um dos dois empréstimos do BNDES sob suspeita, o
para as Lojas Marisa, Moura
disse ter recebido R$ 200 mil.
Moura também afirmou que
a sigla "PA", usada em conversas telefônicas interceptadas
por ordem judicial, papéis e canhotos de cheques apreendidos
pela PF, era, de fato, uma referência ao deputado, como a polícia já havia apontado em seus
relatórios de inteligência sobre
a Operação Santa Tereza.
Moura alegou que o uso do
nome do parlamentar era uma
forma de aumentar seus próprios ganhos. O dinheiro que,
nos controles do grupo, deveria
ir para Paulinho acabava na
conta do próprio Moura, segundo a versão do ex-assessor.
Além do empréstimo para as
Lojas Marisa, a PF investiga
uma linha de crédito de R$ 124
milhões para a Prefeitura de
Praia Grande (SP).
João Pedro de Moura apresentou a seguinte versão sobre
o empréstimo: 1) a Prefeitura
de Praia Grande estava tendo
problemas de caixa para concluir uma obra de infra-estrutura na cidade, o que repercutia
nas empreiteiras; 2) a principal
delas, a Termaq, resolveu procurar o empreiteiro Manuel
Fernandes de Bastos Filho, que
ao mesmo tempo mantinha
uma casa de prostituição nos
Jardins, em São Paulo; 3) Bastos Filho procurou o consultor
Marcos Vieira Mantovani, dono da Progus Consultoria, que
seria um expert em montar
projetos para obtenção de empréstimos no BNDES. Com o
dinheiro do banco, a obra seria
concluída, e as empreiteiras,
pagas; 4) Mantovani "associou-se" a Moura (em acordo verbal), que já estava afastado do
conselho de administração do
BNDES, para montar o projeto;
5) o projeto foi aprovado no
BNDES, e os recursos começaram a ser liberados para a prefeitura. Manuel e os consultores receberiam uma porcentagem sobre o total liberado; 6) a
Termaq emitiu um cheque de
R$ 400 mil como pagamento
pelos serviços do grupo; 7) o dinheiro parou primeiro na conta
da boate WE, do empreiteiro
Bastos Filho, que emitiu cheques para pagar o grupo.
No momento de repartir o dinheiro que estava na conta da
boate, Moura disse que passou
a alegar que uma parte devia ir
para Paulinho. "Dizia que era
para o Paulinho, que ele iria dar
"uma força" na liberação dos recursos. Foi uma forma que ele
viu de incrementar seus rendimentos. Acabou usando o nome de Paulinho", resumiu o advogado Frederico Crissiúma.
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