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Sistema Petrobras privilegia PT em doações a candidatos
Como é proibida por lei de doar a campanhas, estatal usa empresas nas quais tem capital
Partido do presidente Lula obteve 55% dos R$ 8,53 mi que companhias ligadas à estatal deram a políticos
nas eleições de 2006 e 2008
FÁBIO ZANINI
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos nove empresas
ligadas à Petrobras doaram
R$ 8,53 milhões para campanhas eleitorais em 2006 e
2008, a maior parte em benefício de petistas, embora a estatal
seja proibida por lei de financiar candidatos e partidos.
As empresas integram o que
a estatal chama de "Sistema Petrobras": na maioria delas, a petrolífera tem participação acionária, indica diretores e participa de conselhos. Em pelo menos uma, a petroquímica Braskem, representantes da Petrobras no conselho de administração participaram da aprovação de doações. A estatal tem
23,78% do capital da empresa.
A legislação eleitoral proíbe
estatais de doar, mas é omissa
quanto às contribuições das
empresas das quais elas são
acionistas minoritárias. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, para que a corte tenha uma
posição firmada sobre o assunto será preciso que seja provocada em um caso específico.
Outra empresa ligada à Petrobras, a Petroquímica União,
foi a responsável pelo maior valor doado a um candidato em
2008: R$ 800 mil. O beneficiado foi o petista Luiz Marinho,
eleito prefeito de São Bernardo
do Campo (SP). Indústria de
plásticos sediada na região do
ABC, a Petroquímica União é
uma subsidiária da Quattor
Participações, na qual a Petrobras tem 40% do capital. Outras três subsidiárias da Quattor fizeram doações menores.
Nas duas últimas eleições, a
Petroquímica União repassou
R$ 3,91 milhões a políticos. Em
2006, foram R$ 504 mil para o
presidente Lula e R$ 251 mil
para Geraldo Alckmin (PSDB).
Já a Braskem deu R$ 3,02 milhões para campanhas nas duas
últimas eleições. O PT recebeu
37% desse montante (R$ 1,12
milhão), partido mais beneficiado pela empresa. O PSDB,
em segundo, teve R$ 765 mil.
A estatal tem hoje grande influência na direção da Braskem. Indicou um vice-presidente, além de membros do
conselho de administração.
Recentemente, a Braskem,
com sede na Bahia, anunciou a
incorporação da petroquímica
Triunfo (RS), o que fará dela líder do setor no Brasil. A operação só foi possível em razão da
participação da Petrobras.
Nas eleições de 2006, além
das campanhas majoritárias, a
Braskem fez doações para nove
deputados federais eleitos por
sete partidos diferentes. As
contribuições seguiram a média de R$ 40 mil, com exceção
de Manuela D"Ávila (PC do B-RS), que recebeu R$ 10 mil.
No Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) foi o único destinatário de doações de empresas com relação societária com
a Petrobras: teve R$ 100 mil da
Utingás, de Santo André (SP).
Do capital da Utingás, 31% é
pertencente à Liquigás, outra
subsidiária da Petrobras. A Liquigás indicou inclusive um
dos diretores da Utingás. Líder
de seu partido na Casa, Mercadante chegou a ser cotado para
presidir a CPI da Petrobras,
mas ficou de fora da comissão.
A relação de doações de empresas do "Sistema Petrobras"
mostra que 54,86% dos recursos foram destinados ao PT,
com uma atenção especial à
campanha de Marinho, eleição
acompanhada de perto pelo
Planalto. A cidade é o berço político de Lula e do partido. São
da Petroquímica União (R$
800 mil) e da Quattor Petroquímica (R$ 430 mil) as duas
maiores doações ao petista.
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