São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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O DIA DA CAÇA

Em 17 anos, Collor passa de investigado a investigador

DA REDAÇÃO

Indicado pelo PTB para integrar a CPI da Petrobras, o senador Fernando Collor (AL) acabou renunciando à Presidência em 1992 após ser acusado de cometer crime de responsabilidade pela CPI sobre PC Farias.
A comissão foi criada em razão de uma disputa familiar. Em 1991, o empresário Paulo César Farias -caixa da campanha de Collor em 1989- comprou o jornal "Tribuna de Alagoas", para concorrer com a "Gazeta de Alagoas", de Pedro Collor, irmão do presidente.
Logo Pedro passou a questionar a origem dos recursos de PC até que, em maio de 1992, disse à revista "Veja" que PC era o testa-de-ferro do presidente e ficava com 30% das propinas recolhidas de empresários -fato negado por Collor. A Polícia Federal instaurou um inquérito e, em 1º de junho, o Congresso instalou uma CPI.
A investigação começou num momento em que o governo encontrava-se bastante fragilizado, com uma taxa de rejeição de 48%. O bloqueio das cadernetas de poupança foi insuficiente para controlar a inflação (que naquele momento alcançava 24,5% ao mês), mas provocou uma prolongada recessão (o PIB per capita em dólares caiu por três anos seguidos).
Em minoria no Congresso, o governo não conseguiu controlar os trabalhos da CPI, presidida por Benito Gama (PFL-BA) e relatada por Amir Lando (PMDB-RO). Dela participaram os atuais senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e o ministro José Múcio (PFL-PE), então deputado. Roberto Jefferson (PTB-RJ) liderava a pequena tropa de choque do presidente.
Durante a investigação, Collor foi acusado por diversos ex-colaboradores que romperam com ele durante seu governo -entre os quais Renan Calheiros e Luiz Otávio da Motta Veiga, ex-presidente da Petrobras.
Mas o depoimento mais grave veio do motorista Eriberto França, que revelou vínculos de PC com o presidente. O relatório da CPI concluiu que Collor recebeu vantagens econômicas indevidas e cometeu crime comum e de responsabilidade.
Em 29 de setembro, a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment por 441 votos a 38. Três meses depois, Collor renunciou, mas não evitou que o Senado o condenasse à inelegibilidade por oito anos.


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