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O DIA DA CAÇA
Em 17 anos, Collor passa de investigado a investigador
DA REDAÇÃO
Indicado pelo PTB para integrar a CPI da Petrobras, o senador Fernando Collor (AL) acabou renunciando à Presidência
em 1992 após ser acusado de
cometer crime de responsabilidade pela CPI sobre PC Farias.
A comissão foi criada em razão de uma disputa familiar.
Em 1991, o empresário Paulo
César Farias -caixa da campanha de Collor em 1989- comprou o jornal "Tribuna de Alagoas", para concorrer com a
"Gazeta de Alagoas", de Pedro
Collor, irmão do presidente.
Logo Pedro passou a questionar a origem dos recursos de
PC até que, em maio de 1992,
disse à revista "Veja" que PC
era o testa-de-ferro do presidente e ficava com 30% das
propinas recolhidas de empresários -fato negado por Collor.
A Polícia Federal instaurou um
inquérito e, em 1º de junho, o
Congresso instalou uma CPI.
A investigação começou num
momento em que o governo
encontrava-se bastante fragilizado, com uma taxa de rejeição
de 48%. O bloqueio das cadernetas de poupança foi insuficiente para controlar a inflação
(que naquele momento alcançava 24,5% ao mês), mas provocou uma prolongada recessão
(o PIB per capita em dólares
caiu por três anos seguidos).
Em minoria no Congresso, o
governo não conseguiu controlar os trabalhos da CPI, presidida por Benito Gama (PFL-BA)
e relatada por Amir Lando
(PMDB-RO). Dela participaram os atuais senadores Aloizio
Mercadante (PT-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e o ministro
José Múcio (PFL-PE), então
deputado. Roberto Jefferson
(PTB-RJ) liderava a pequena
tropa de choque do presidente.
Durante a investigação, Collor foi acusado por diversos ex-colaboradores que romperam
com ele durante seu governo
-entre os quais Renan Calheiros e Luiz Otávio da Motta Veiga, ex-presidente da Petrobras.
Mas o depoimento mais grave veio do motorista Eriberto
França, que revelou vínculos de
PC com o presidente. O relatório da CPI concluiu que Collor
recebeu vantagens econômicas
indevidas e cometeu crime comum e de responsabilidade.
Em 29 de setembro, a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment por 441
votos a 38. Três meses depois,
Collor renunciou, mas não evitou que o Senado o condenasse
à inelegibilidade por oito anos.
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