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CAMPO MINADO
Presidente vai anunciar que agricultores familiares e assentados terão R$ 7 bi para sacar em créditos rurais
Lula lança Plano Safra; sem-terra reclamam
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em solenidade na qual anunciará uma verba recorde para o próximo Plano Safra, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva terá de
encarar hoje a cobrança de líderes
sem-terra por causa do ritmo da
reforma agrária, uma das principais bandeiras petistas.
No evento, no Palácio do Planalto, o presidente Lula anunciará
que entre julho de 2004 e junho de
2005 os agricultores familiares de
todo o país e assentados terão R$
7 bilhões para sacar em créditos
rurais. O valor supera em 30% os
R$ 5,4 bilhões do Plano Safra
2003-2004, que termina no final
deste mês.
Por outro lado, ouvirá tanto da
Contag (Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura) como do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) que é necessário colocar
em prática suas promessas de
campanha para a reforma agrária.
No ano passado, Lula prometeu
assentar 60 mil famílias, mas só 36
mil foram beneficiadas. Neste
ano, a meta é de 115 mil famílias.
Entre janeiro e o último dia 16, segundo o governo, 17,7 mil haviam
sido assentadas. Cerca de 200 mil
famílias estão acampadas pelo
país à espera de um lote de terra.
"Trata-se de um processo em
construção. O nosso pedido era
de R$ 13 bilhões, mas esse valor
[de R$ 7 bi] já representa um
avanço. Mas vamos colocar ao
presidente a nossa preocupação
com o ritmo da reforma agrária e
a inoperância do Incra nos Estados", disse Manoel José dos Santos, presidente da Contag.
Para João Paulo Rodrigues, da
coordenação do MST, "o momento é de mais uma vez demonstrar a preocupação dos trabalhadores rurais com o cumprimento das metas de assentamento". "É preciso avançar nas desapropriações, assim como houve
um avanço, que é para ser comemorado, no Plano Safra."
Para o governo, apesar do ritmo
atual da reforma agrária, a meta
de assentamentos será atingida.
Plano Safra
Os R$ 7 bilhões não são novidade. No final de maio, o ministro
Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) já havia anunciado o valor, para atender cerca de
1,8 milhão de famílias.
O objetivo do governo é diminuir a burocracia para que toda a
verba disponível possa chegar aos
agricultores. Dos R$ 5,4 bi do último plano, 17% (R$ 900 mil) ficaram retidos nas agências bancárias. Em 2002, as liberações ficaram pouco acima dos R$ 2 bilhões.
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