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GASTOS COM VIAGENS
Empresa é acusada de vender bilhetes e os cancelar, mas dinheiro era embolsado
Itamaraty investiga fraude em passagens
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sindicância interna do Itamaraty identificou indícios de fraude
na venda de passagens aéreas para o órgão, envolvendo uma empresa de turismo de Brasília, a
Voetur, e o Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O documento foi concluído em
abril e encaminhado ao Ministério Público, que pediu à Polícia
Federal a abertura de um inquérito para investigar o caso, que foi
revelado por reportagem da edição de ontem de "O Estado de
S.Paulo".
"O esquema é simples. A Voetur
assinava contratos, emitia bilhetes e os cancelava. Recebia, no entanto, pelas viagens canceladas",
afirma o procurador da República
Luiz Francisco de Souza.
A Voetur foi a agência contratada em 1997 para vender bilhetes
aéreos à UAP (Unidade de Administração de Projetos). A unidade,
vinculada à ABC (Agência Brasileira de Cooperação) -órgão do
Itamaraty-, era responsável em
administrar os recursos do Pnud
para todos os ministérios do governo. Ou seja, a UAP gerenciava
a compra de passagens.
No final do ano passado, o presidente do Sindicato de Empresas
de Turismo do Distrito Federal,
Raimundo Fontenele Mello, denunciou ao Itamaraty o suposto
esquema de corrupção.
"Eu recebi as informações do
senhor Marcos [Fernandes Rocha] e repassei, no ano passado,
ao Itamaraty", disse Mello. Rocha
é ex-sócio de Carlos Alberto de Sá,
o proprietário da Voetur.
A assessoria de imprensa do Itamaraty informou ontem que o
ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) determinou a investigação interna assim que recebeu as informações.
Apesar da investigação interna
apontar para indícios de fraudes,
não houve nenhuma punição,
pois, segundo o Itamaraty, não
havia servidores do Ministério
das Relações Exteriores envolvidos no caso. A UAP, que já foi fechada, não tinha nenhum diplomata entre seus funcionários.
O contrato entre o Pnud, a Voetur e a UAP terminou em fevereiro de 2002, ano da campanha presidencial, mas a empresa de turismo continua prestando serviços
ao Itamaraty no governo de Luiz
Inácio Lula da Silva, que tomou
posse em janeiro de 2003. Ela é
uma das agências de viagens que
vendem passagens para o ministério.
De acordo com o Itamaraty, a
denúncia indicava um desfalque
de cerca de R$ 1 milhão. Segundo
o procurador da República, o valor total das viagens que apresentaram problemas é de R$ 30 milhões. O procurador, no entanto,
afirma que a fraude pode envolver negócios de mais de R$ 100
milhões entre o Itamaraty e a
Voetur.
Outro lado
O proprietário da Voetur, Carlos Alberto de Sá, não foi encontrado ontem para comentar as denúncias. A reportagem tentou entrar em contato com Sá por meio
dos telefones da empresa disponíveis na internet. A Voetur possui
filiais em diversos locais do Brasil,
como São Paulo e Belo Horizonte.
Os funcionários de plantão afirmaram que não seria possível localizar nem Alberto de Sá nem
um dos diretores da empresa,
pois ontem era domingo.
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