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Senador comprou gado em parceria com empreiteiro que atua no DF
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Joaquim Roriz
(PMDB-DF) informou ontem,
por meio de sua assessoria, que
adquiriu gado em parceria com
o empresário Valter Egídio da
Costa, sócio da construtora
Dan-Hebert, que atua em obras
públicas do governo do Distrito
Federal. Roriz foi governador
do DF entre 1999 e 2006.
Segundo a assessoria jurídica
da empreiteira, houve "duas ou
três" compras de gado reprodutor de ponta em 2004 e 2005.
Roriz participou do negócio
por meio da Agropecuária Palma Ltda., registrada em nome
de três filhas. Fundada em
1992, a agropecuária tem capital social declarado de R$ 5,97
milhões e 238 funcionários.
Segundo o jornal "Correio
Braziliense" de ontem, Roriz e
Costa formaram um "consórcio". Páginas da internet especializadas em leilões registram
um negócio em comum de pelo
menos R$ 140 mil.
"Compras assim ocorrem aos
montes, é tudo normal no mercado de gado. Os contratos [públicos] são uma mera coincidência", afirmou o advogado da
empreiteira, Paulo Roque
Cury. Ele disse não ter os valores dos negócios com gado.
"Meu cliente não fez negócios com Roriz, foi a Terramata
com a Agropecuária Palma",
afirmou o advogado. A primeira
empresa pertence a Egídio. A
segunda, à família do senador.
Egídio da Costa é o principal
acionista da Dan-Hebert Participações, controladora da Dan-Hebert Construtora. Em seu site, a empresa aponta como seus
clientes o metrô do DF e a
Caesb, a companhia de saneamento de Brasília. Segundo o
advogado, o início dos contratos entre a Dan-Hebert e o governo do DF no metrô é anterior à gestão de Roriz.
A mesma Dan-Hebert aparece na intrincada história de
compra e venda de uma fazenda da Bahia que, na semana
passada, resultou no atual escândalo que atinge Roriz.
A empreiteira foi sócia, por
três anos, dos donos da Agrícola Xingu S/A, empresa produtora e exportadora de grãos, na
fazenda Tabuleiro, que pertencia a Nenê Constantino, dono
de empresas de transportes urbanos do DF e da Gol.
Segundo o advogado da Xingu, Décio Milnitzky, Constantino decidiu vender a propriedade em 2004, mas, na época,
contudo, a Xingu não tinha todo o dinheiro necessário.
O advogado disse que Constantino resolveu então colocar
no negócio a empreiteira Dan-Hebert. Ela compraria uma
parte da fazenda, até que a Xingu tivesse condições de quitar
também essa parcela do negócio. A Xingu passou a deter 60%
da Tabuleiro, e a Dan-Hebert,
40%. A venda foi feita em parcelas. A Xingu comprou a parte
da Dan-Hebert no ano passado.
Paralelamente, a Xingu continuou quitando as parcelas
que assumiu com o empresário
Constantino. A última parcela,
segundo as versões de Constantino e da Xingu, foi o cheque
do Banco do Brasil de R$ 2,2
milhões sacado em março por
Roriz no BRB, após um acordo
verbal com Nenê Constantino.
Os advogados da Xingu e
Dan-Hebert negaram relação
entre a operação de compra e
venda da fazenda Tabuleiro e o
pagamento feito a Roriz por
Constantino. O representante
da Xingu alegou não ter responsabilidade sobre um cheque repassado a terceiro. Roriz
e Constantino disseram se tratar de "um empréstimo".
Indagada sobre a legalidade
da compra de gado com um
contratado do governo do DF, a
assessoria de Roriz disse que
"foi uma compra entre duas
empresas agropecuárias que
nada têm a ver com o governo".
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