São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Senador comprou gado em parceria com empreiteiro que atua no DF

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) informou ontem, por meio de sua assessoria, que adquiriu gado em parceria com o empresário Valter Egídio da Costa, sócio da construtora Dan-Hebert, que atua em obras públicas do governo do Distrito Federal. Roriz foi governador do DF entre 1999 e 2006.
Segundo a assessoria jurídica da empreiteira, houve "duas ou três" compras de gado reprodutor de ponta em 2004 e 2005. Roriz participou do negócio por meio da Agropecuária Palma Ltda., registrada em nome de três filhas. Fundada em 1992, a agropecuária tem capital social declarado de R$ 5,97 milhões e 238 funcionários.
Segundo o jornal "Correio Braziliense" de ontem, Roriz e Costa formaram um "consórcio". Páginas da internet especializadas em leilões registram um negócio em comum de pelo menos R$ 140 mil.
"Compras assim ocorrem aos montes, é tudo normal no mercado de gado. Os contratos [públicos] são uma mera coincidência", afirmou o advogado da empreiteira, Paulo Roque Cury. Ele disse não ter os valores dos negócios com gado.
"Meu cliente não fez negócios com Roriz, foi a Terramata com a Agropecuária Palma", afirmou o advogado. A primeira empresa pertence a Egídio. A segunda, à família do senador.
Egídio da Costa é o principal acionista da Dan-Hebert Participações, controladora da Dan-Hebert Construtora. Em seu site, a empresa aponta como seus clientes o metrô do DF e a Caesb, a companhia de saneamento de Brasília. Segundo o advogado, o início dos contratos entre a Dan-Hebert e o governo do DF no metrô é anterior à gestão de Roriz.
A mesma Dan-Hebert aparece na intrincada história de compra e venda de uma fazenda da Bahia que, na semana passada, resultou no atual escândalo que atinge Roriz.
A empreiteira foi sócia, por três anos, dos donos da Agrícola Xingu S/A, empresa produtora e exportadora de grãos, na fazenda Tabuleiro, que pertencia a Nenê Constantino, dono de empresas de transportes urbanos do DF e da Gol.
Segundo o advogado da Xingu, Décio Milnitzky, Constantino decidiu vender a propriedade em 2004, mas, na época, contudo, a Xingu não tinha todo o dinheiro necessário.
O advogado disse que Constantino resolveu então colocar no negócio a empreiteira Dan-Hebert. Ela compraria uma parte da fazenda, até que a Xingu tivesse condições de quitar também essa parcela do negócio. A Xingu passou a deter 60% da Tabuleiro, e a Dan-Hebert, 40%. A venda foi feita em parcelas. A Xingu comprou a parte da Dan-Hebert no ano passado.
Paralelamente, a Xingu continuou quitando as parcelas que assumiu com o empresário Constantino. A última parcela, segundo as versões de Constantino e da Xingu, foi o cheque do Banco do Brasil de R$ 2,2 milhões sacado em março por Roriz no BRB, após um acordo verbal com Nenê Constantino.
Os advogados da Xingu e Dan-Hebert negaram relação entre a operação de compra e venda da fazenda Tabuleiro e o pagamento feito a Roriz por Constantino. O representante da Xingu alegou não ter responsabilidade sobre um cheque repassado a terceiro. Roriz e Constantino disseram se tratar de "um empréstimo".
Indagada sobre a legalidade da compra de gado com um contratado do governo do DF, a assessoria de Roriz disse que "foi uma compra entre duas empresas agropecuárias que nada têm a ver com o governo".


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