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Cerca de R$ 1 mi foi sacado dentro da Câmara
FELIPE SELIGMAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de R$ 1 milhão, parte do dinheiro desviado pelo
esquema de corrupção envolvendo funcionários de
bancos estaduais, a Asbace
(Associação Nacional dos
Bancos) e a ONG Caminhar,
foi sacado de uma agência do
Banco do Brasil localizada na
Câmara dos Deputados.
A constatação da Polícia
Civil e da Promotoria do DF
aumenta as suspeitas de envolvimento de parlamentares. Ao menos outros três
congressistas e ex-congressistas aparecem na investigação, conforme a Folha publicou ontem. Entre eles estão
o deputado Antonio Bulhões
(PMDB-SP) e o ex-deputado
Marcos Abramo (PP-SP).
Ambos não foram encontrados para comentar o caso.
O esquema funcionava da
seguinte forma: os bancos
(BRB e Nossa Caixa) firmavam contratos para pesquisas de satisfação em caixas
de auto-atendimento com a
Asbace, que contratava a Caminhar para realizá-las -o
que não acontecia de fato.
Após receber o dinheiro, a
ONG distribuía cartões do
BB -com saque máximo de
R$ 50 mil- aos envolvidos.
Segundo a apuração, 80 cartões foram distribuídos, totalizando cerca de R$ 3,7 milhões. Vinte deles, cerca de
R$ 1 milhão, foram sacados
na agência 3596 do BB, na
Câmara. Entre os que sacaram, está Weliton Carvalho,
ex-assessor do ex-deputado
Coriolano Sales (DEM-BA),
segundo a assessoria da Casa. Carvalho, denunciado pela Procuradoria no caso sanguessuga, não foi encontrado
até o fechamento da edição.
Nossa Caixa
A contratação de uma pesquisa para medir a satisfação
do cliente é o principal elemento que leva o Ministério
Público e a Polícia Civil a dizer que há "fortes indícios"
de desvio de recursos públicos na Nossa Caixa.
A Operação Aquarela diz
ter reunido provas de que essa pesquisa, além de ter sido
superfaturada, nunca existiu. A suspeita contra o banco de São Paulo surgiu durante operação de busca e
apreensão na sede da Asbace.
Dois investigadores presentes ao depoimento da
funcionária da ONG Jeovana
Silva, que foi presa, disseram
à Folha que ela confirmou
ter preenchido, com a ajuda
da irmã e do namorado, os
questionários das pesquisas
da Nossa Caixa e do BRB, seguindo ordem da ONG.
Em relação ao BRB, o contrato para a pesquisa teria
custado ao menos R$ 9 milhões, apesar de investigadores terem apurado que, no
mercado, trabalho semelhante sai por R$ 300 mil.
Sobre a Nossa Caixa, os investigadores não têm número fechado. Em nota, o banco
disse que possui três contratos com a Asbace, de 2004 e
2005, que valem até 2008 e
cujos pagamentos são feitos
com a entrega dos serviços e
após eles serem auditados.
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