São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Lula critica greve no Ibama e defende corte dos salários

Servidor não pode ficar sem trabalhar e depois receber salário integral, diz presidente

Grevistas abrem faixas de protesto em solenidade no Planalto, e presidente da Contag pede que governo negocie com funcionários

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em solenidade ontem no Palácio do Planalto na qual seguranças do governo reprimiram uma manifestação de servidores em greve do Incra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o corte de salários dos grevistas e, em tom de ironia, disse que os funcionários do Ibama desconhecem o motivo da paralisação na autarquia.
"Não sou contra a greve. Quero é regulamentar greve. Ninguém pode ficar 70 dias sem trabalhar e depois receber os dias que não trabalhou."
As greves do Incra e do Ibama já ultrapassaram um mês. Os primeiros pedem aumento de salário e o reaparelhamento do órgão, e os últimos exigem a rejeição de uma medida provisória que cria o Instituto Chico Mendes e enfraquece o Ibama.
Lula determinou ao Planejamento que os dias parados nessas autarquias sejam descontados dos salários. "Tem gente que quer fazer 90 dias de greve. Pergunte por que o Ibama está em greve hoje. Eles não sabem, porque tiveram os aumentos que queriam. Estão em greve porque a Marina [Silva] está propondo uma mudança entre a turma dos licenciamentos prévios e a turma dos parques", disse Lula ao lançar o plano safra da agricultura familiar.
Num dos salões de eventos do Planalto, ao menos 50 servidores do Incra conseguiram se misturar aos 500 convidados e ergueram faixas de protesto. "Lula não cumpre acordo, Incra parado", dizia uma delas.
Com a palavra, o presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Manoel José dos Santos, cobrou de Lula uma solução à greve do Incra, que já dura 37 dias. "O presidente da República e o governo Lula precisam pôr um fim a essas greves, fazendo uma negociação constante", disse, aplaudido.
Sob vaias, falou o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). "Recuperamos em muito o salário dos funcionários, criando inclusive um plano de carreira. Mas ainda temos muito a avançar", disse.
Lula falou a seguir. Mal iniciou seu discurso e já viu um grupo de seguranças da Presidência arrancar deles as faixas de protesto. O empurra-empurra não distraiu o presidente.
"Quando é que os companheiros do Incra imaginavam entrar e fazer protesto dentro do Palácio do Planalto? E entra porque, enquanto eu for presidente, o Incra pode gritar aqui ou pode gritar lá fora, [mas] na hora de fazer acordo tem que sentar na mesa de negociação e fazer o acordo que é possível", disse ao pedir compreensão dos grevistas aos limites da União.


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