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Lula critica greve no Ibama e defende corte dos salários
Servidor não pode ficar sem trabalhar e depois receber salário integral, diz presidente
Grevistas abrem faixas de protesto em solenidade no Planalto, e presidente da Contag pede que governo negocie com funcionários
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em solenidade ontem no Palácio do Planalto na qual seguranças do governo reprimiram
uma manifestação de servidores em greve do Incra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
defendeu o corte de salários
dos grevistas e, em tom de ironia, disse que os funcionários
do Ibama desconhecem o motivo da paralisação na autarquia.
"Não sou contra a greve.
Quero é regulamentar greve.
Ninguém pode ficar 70 dias
sem trabalhar e depois receber
os dias que não trabalhou."
As greves do Incra e do Ibama já ultrapassaram um mês.
Os primeiros pedem aumento
de salário e o reaparelhamento
do órgão, e os últimos exigem a
rejeição de uma medida provisória que cria o Instituto Chico
Mendes e enfraquece o Ibama.
Lula determinou ao Planejamento que os dias parados nessas autarquias sejam descontados dos salários. "Tem gente
que quer fazer 90 dias de greve.
Pergunte por que o Ibama está
em greve hoje. Eles não sabem,
porque tiveram os aumentos
que queriam. Estão em greve
porque a Marina [Silva] está
propondo uma mudança entre
a turma dos licenciamentos
prévios e a turma dos parques",
disse Lula ao lançar o plano safra da agricultura familiar.
Num dos salões de eventos
do Planalto, ao menos 50 servidores do Incra conseguiram se
misturar aos 500 convidados e
ergueram faixas de protesto.
"Lula não cumpre acordo, Incra parado", dizia uma delas.
Com a palavra, o presidente
da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura), Manoel José dos
Santos, cobrou de Lula uma solução à greve do Incra, que já
dura 37 dias. "O presidente da
República e o governo Lula precisam pôr um fim a essas greves, fazendo uma negociação
constante", disse, aplaudido.
Sob vaias, falou o ministro
Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). "Recuperamos
em muito o salário dos funcionários, criando inclusive um
plano de carreira. Mas ainda temos muito a avançar", disse.
Lula falou a seguir. Mal iniciou seu discurso e já viu um
grupo de seguranças da Presidência arrancar deles as faixas
de protesto. O empurra-empurra não distraiu o presidente.
"Quando é que os companheiros do Incra imaginavam
entrar e fazer protesto dentro
do Palácio do Planalto? E entra
porque, enquanto eu for presidente, o Incra pode gritar aqui
ou pode gritar lá fora, [mas] na
hora de fazer acordo tem que
sentar na mesa de negociação e
fazer o acordo que é possível",
disse ao pedir compreensão dos
grevistas aos limites da União.
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