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Relatório da Guerrilha do Araguaia será inconclusivo
Famílias continuarão sem saber onde estão os corpos
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O processo judicial em que
familiares dos mortos na Guerrilha do Araguaia tentam acesso aos arquivos militares está
chegando ao fim, após 25 anos
de tramitação e recente decisão
do STJ (Superior Tribunal de
Justiça). O governo deverá entregar a eles relatório que não
esclarece as circunstâncias das
mortes nem identifica o local
onde estão os corpos.
No relatório, produzido por
vários órgãos do governo durante dois anos e meio e divulgado em março, as Forças Armadas dizem que os documentos sobre a guerrilha foram destruídos em diferentes momentos históricos e que os depoimentos colhidos não são elucidadores. Assim, a busca dos 22
familiares que moveram a ação
em 1982 deverá prosseguir.
Recentemente, o STJ anulou
sentença que ordenava a realização de audiência com ministros de Estado para iniciar os
trabalhos de abertura dos arquivos da guerrilha e devolveu
o processo para a 1ª Vara da
Justiça Federal em Brasília.
Com isso, a ação, de 1982, chega
próximo a seu fim e entra na fase de execução da sentença.
"Quando vier a intimação da
União, vou apresentar o relatório produzido pelo grupo de
trabalho [integrado por vários
órgãos do governo]. Se a Justiça
vai se satisfazer, não sabemos",
disse o advogado-geral da
União, ministro José Antonio
Toffoli. Em 2003, o governo foi
condenado a abrir os arquivos
da guerrilha para identificação
das circunstâncias da morte de
69 guerrilheiros e localização
dos corpos. No ano seguinte, o
Tribunal Regional Federal da
1ª Região rejeitou um recurso
da União, manteve a sentença e
determinou a realização imediata da audiência com ministros de Estado.
O governo recorreu então ao
STJ, argumentando que não
cabia ao TRF, mas apenas à 1ª
Vara definir como os arquivos
seriam abertos. Neste recurso
ele não chegou a questionar a
condenação em si. O recurso foi
aceito pela 1ª Turma do tribunal, por três votos contra um.
A Guerrilha do Araguaia foi
um movimento armado promovido pelo PC do B no sul do
Pará e no norte do Tocantins
em oposição ao regime militar.
Ela foi eliminada pelas Forças
Armadas entre 1972 e 1975.
O governo produziu o relatório para cumprir a sentença.
Ele foi assinado pelos ministros
da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Casa Civil, Defesa, Justiça e AGU. Os familiares
dizem que continuarão as tentativas de localização dos corpos, tanto por meio de investigações no local da guerrilha
quanto por depoimentos de
militares.
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