São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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MALA SUSPEITA

Procurador quer quebra de sigilo de envolvidos com dinheiro na cueca

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O procurador regional eleitoral no Ceará, Oscar Costa Filho, anunciou ontem que vai pedir a quebra do sigilo bancário de toda a cúpula do PT no Ceará e do próprio partido, desde 2002, para verificar a existência de caixa dois. Também terão as contas bancárias rastreadas desde então todos os petistas envolvidos no caso do dinheiro apreendido com o ex-dirigente partidário José Adalberto Vieira da Silva, preso em São Paulo com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil escondidos na roupa.
Para o procurador, há indícios "mais do que veementes" de que parte desse dinheiro poderia ter como destino o próprio partido, para ser usado nas eleições internas do Diretório Estadual, que acontecem neste ano.
Costa Filho afirmou que vai apenas esperar a chegada de documentos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal para fundamentar o pedido à Justiça.
"Se as investigações confirmarem que parte desse dinheiro seria para o partido, é crime eleitoral, porque não seria declarado, mas sim caixa dois."
Entre os que deverão ter o sigilo quebrado está o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), para quem Adalberto trabalhava como assessor parlamentar.
Guimarães e Adalberto, que ocupava também a função de secretário de organização do PT, e outro envolvido no caso, o ex-assessor do Banco do Nordeste do Brasil Kennedy Moura, participavam da campanha da chapa Campo Majoritário.
Sônia Braga, presidente estadual do partido, diz que as finanças do PT cearense estão no vermelho, já que o fundo partidário ficou suspenso pela Justiça Eleitoral durante todo o primeiro semestre, depois que as contas do partido em 2002 foram rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. As contas foram revistas e aprovadas, mas não houve repasse dos recursos por parte do Diretório Nacional do PT.
Guimarães disse que não comentaria a nova suspeita e disse que seus sigilos estão disponíveis.
Braga negou saber a origem do dinheiro retido com Adalberto.


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