|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Na origem, máfia era negócio de família e incluía doméstica
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A máfia dos sanguessugas
-que pagava propina para ao
menos cem congressistas- era
um negócio de família, em
Cuiabá (MT), e incluía até a
empregada doméstica da casa.
O acesso ao Congresso começou, segundo o empresário
Luiz Antônio Vedoin, 31, com o
deputado Lino Rossi (PP-MT),
cujo primeiro cargo foi o de vereador em Cuiabá (1997-1999).
Rossi começou a apresentar
o empresário a outros parlamentares. Darci Vedoin, 61, dono da Planam, a empresa que
vendia ambulâncias superfaturadas, iniciou o esquema em
2001, com a filha Alessandra,
36, o filho Luiz Antônio, e a mulher, Cléia, 58.
Em 2003, recrutou o genro
Ivo Marcelo Spinola Rosa, 40,
então funcionário do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de
Mato Grosso. A mulher de Luiz
Antônio, Helen Paula, era sócia
de empresa fantasma, membro
do esquema no Paraná, segundo a Polícia Federal.
À Justiça Darci Vedoin disse
que, por estar com restrições de
crédito bancário, abriu as empresas Klass Comércio e Santa
Maria em nome da empregada
doméstica da família, Maria
Loedir Jesus de Lara, 38.
Todos acabaram presos por
mais de 30 dias. Neste mês, Vedoin e o filho começaram a revelar o funcionamento da operação e foram soltos. Criada em
1993, a Planam, que empregava
30 funcionários, é a principal
empresa do esquema de venda
de ambulâncias superfaturadas
a prefeituras e entidades não-governamentais, diz a PF.
A sede da Planam ocupa mais
de meio quarteirão em bairro
de Cuiabá. Com um muro de
cerca de três metros de altura e
cerca elétrica, o prédio está vazio e ninguém atende ao interfone. O clã não dá entrevista.
Conforme o depoimento de
Vedoin à Justiça, sua mulher,
Cléia, foi responsável por
acompanhar a construção da
sede da Planam e passou a cuidar da limpeza, jardinagem e
manutenção do prédio.
Luiz Antônio administrava a
empresa. Alessandra executava
as ordens do pai e do irmão. A
empregada assinava notas fiscais da Santa Maria. Para criar
empresa que fabricaria carrocerias de ônibus no município
de Dias D'Ávila (BA), Vedoin
chamou o genro Ivo Spinola,
que trabalhava no do TRE.
Vedoin e filho cuidavam dos
contatos com os congressistas e
demais empresas envolvidas.
Outro lado
Desde a semana passada, a
Folha procurou o deputado Lino Rossi, licenciado do Congresso e candidato à reeleição.
Deixou recados no celular e falou com assessores do escritório político de Rossi em Cuiabá.
O deputado não telefonou de
volta. No início da operação da
PF, em maio, o deputado pepista já negava qualquer envolvimento com o caso.
Texto Anterior: Ex-gerente relata reuniões de Vedoin à PF Próximo Texto: Esquema sanguessuga agiu em 493 cidades, diz Vedoin Índice
|