São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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Na origem, máfia era negócio de família e incluía doméstica

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A máfia dos sanguessugas -que pagava propina para ao menos cem congressistas- era um negócio de família, em Cuiabá (MT), e incluía até a empregada doméstica da casa.
O acesso ao Congresso começou, segundo o empresário Luiz Antônio Vedoin, 31, com o deputado Lino Rossi (PP-MT), cujo primeiro cargo foi o de vereador em Cuiabá (1997-1999).
Rossi começou a apresentar o empresário a outros parlamentares. Darci Vedoin, 61, dono da Planam, a empresa que vendia ambulâncias superfaturadas, iniciou o esquema em 2001, com a filha Alessandra, 36, o filho Luiz Antônio, e a mulher, Cléia, 58.
Em 2003, recrutou o genro Ivo Marcelo Spinola Rosa, 40, então funcionário do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Mato Grosso. A mulher de Luiz Antônio, Helen Paula, era sócia de empresa fantasma, membro do esquema no Paraná, segundo a Polícia Federal.
À Justiça Darci Vedoin disse que, por estar com restrições de crédito bancário, abriu as empresas Klass Comércio e Santa Maria em nome da empregada doméstica da família, Maria Loedir Jesus de Lara, 38.
Todos acabaram presos por mais de 30 dias. Neste mês, Vedoin e o filho começaram a revelar o funcionamento da operação e foram soltos. Criada em 1993, a Planam, que empregava 30 funcionários, é a principal empresa do esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras e entidades não-governamentais, diz a PF.
A sede da Planam ocupa mais de meio quarteirão em bairro de Cuiabá. Com um muro de cerca de três metros de altura e cerca elétrica, o prédio está vazio e ninguém atende ao interfone. O clã não dá entrevista.
Conforme o depoimento de Vedoin à Justiça, sua mulher, Cléia, foi responsável por acompanhar a construção da sede da Planam e passou a cuidar da limpeza, jardinagem e manutenção do prédio.
Luiz Antônio administrava a empresa. Alessandra executava as ordens do pai e do irmão. A empregada assinava notas fiscais da Santa Maria. Para criar empresa que fabricaria carrocerias de ônibus no município de Dias D'Ávila (BA), Vedoin chamou o genro Ivo Spinola, que trabalhava no do TRE.
Vedoin e filho cuidavam dos contatos com os congressistas e demais empresas envolvidas.

Outro lado
Desde a semana passada, a Folha procurou o deputado Lino Rossi, licenciado do Congresso e candidato à reeleição. Deixou recados no celular e falou com assessores do escritório político de Rossi em Cuiabá. O deputado não telefonou de volta. No início da operação da PF, em maio, o deputado pepista já negava qualquer envolvimento com o caso.


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