São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresário envolve novos agentes da Saúde na fraude

Segundo Vedoin, mais 3 servidores, além de Maria da Penha, prestaram favores a máfia

Ministério diz que uma deles foi demitida no ano passado por manipular liberação de verbas; outros dois não são identificados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desvio de dinheiro público para a compra de ambulâncias superfaturadas envolveu um número maior de funcionários do Ministério da Saúde, segundo o depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin, acusado de comandar a máfia dos sanguessugas.
Ele contou à Justiça Federal que outros funcionários do Ministério da Saúde receberam ajuda "por favores prestados", além da ex-servidora Maria da Penha Lino, presa na Operação Sanguessuga. Vedoin citou uma ex-funcionária chamada Alana e outros dois: "Claudinha" e "Jovair". Disse, inclusive, que os conhecia de vista.
Ontem à noite, o Ministério da Saúde confirmou que Alana Eneida Sarinho, mencionada pelo empresário, trabalhou na pasta, contratada por meio de uma empresa, e teria manipulado processos de liberação de verbas para prefeituras. Por isso, ela teria sido demitida no ano passado, em abril, após denúncia verbal.
O ministro Agenor Álvares não localizou, entre os funcionários da Saúde, outros dois nomes que teriam apoiado a ex-servidora Maria da Penha Lino a operar o esquema.

Pressão
O empresário também afirmou que a liberação de dinheiro para os convênios com os municípios dependia da "força política" dos parlamentares até no Palácio do Planalto.
"O efetivo pagamento dos convênios se dava de acordo com as pressões políticas, realizadas pelos parlamentares junto à Casa Civil e ao Ministério da Saúde."
Nos demais ministérios em que a Planam operou, o empresário relatou que o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) teria acertado a liberação de recursos com o então ministro das Comunicações Eunício Oliveira (PMDB-CE), acerto prejudicado quando Eunício foi substituído por Hélio Costa.

Preço menor
No Ministério das Comunicações, Vedoin cita o funcionário Fernando, mas sem dar mais detalhes de sua identificação. Além de atuar na Saúde, o empresário fala em 80 projetos nas Comunicações e no Ministério da Ciência e Tecnologia dos quais suas empresas tinham interesse.
No depoimento que concedeu em troca da tentativa de atenuar sua pena, Vedoin também disse que o preço cobrado pelas ambulâncias superfaturadas -"embutidas as comissões pagas a parlamentares e a dirigentes de entidades beneficiadas"- era inferior ao pago pelo Ministério da Saúde na aquisição de veículos do programa Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
O Ministério da Saúde contesta a comparação. Segundo o ministro Agenor Álvares, os veículos comprados diretamente das montadoras para funcionar como unidades móveis de terapia intensiva são diferentes daqueles usados nos convênios com prefeituras.
"São veículos com características totalmente diferentes e comprados por meio de pregão eletrônico", disse.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Ex-assessora diz que esquema já existia na Saúde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.