São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Carga pesada

Enquanto alardeia o progressivo embarque dos vereadores tucanos, o grupo de Geraldo Alckmin organiza nova ofensiva contra os kassabistas numa área cara ao atual prefeito. Amanhã, Alckmin toma café da manhã com o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo. A entidade está em pé-de-guerra com Gilberto Kassab (DEM) e prepara protestos contra as novas restrições à circulação de caminhões, que entram em vigor hoje na cidade.
Braço direito do tucano, o deputado Silvio Torres é ligado ao setor. Alckmin pretende levar um grupo de deputados ao encontro e sair dali anunciando uma proposta alternativa à rigidez das regras de Kassab.



O alvo. O site do sindicato, que já patrocinou pesquisas cujos resultados Alckmin comemorou, diz sobre o decreto de Kassab: "O impedimento não vai resolver o problema de congestionamentos na cidade [...] As cargas necessitam chegar aos seus destinos, e, se não puderem ir de caminhão, irão em veículos menores, o que vai trazer mais trânsito".

Sem efeito. O advogado Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral, diz que o uso da máquina em favor de candidatos é conduta vedada. "Mas não vejo como funcionários públicos influenciariam uma pesquisa da Folha."

Fato novo. O advogado Renato Ventura Ribeiro, que ajudou a elaborar a Lei Eleitoral, diz que "é um precedente perigoso" Kassab tentar monitorar pesquisa. "A legislação se preocupou mais com o risco de "pesquisas compradas", pois, teoricamente, é muito difícil um candidato influir nos resultados", diz.

Zonas de atrito. Segundo Ribeiro, "quanto mais a Justiça Eleitoral aperfeiçoa o sistema, mais surgem tentativas de dificultar a campanha". Ele se refere aos traficantes, no Rio, que impedem candidatos de entrar em certas áreas.

Conectado. Além de contar com moderna rede digital para mapear problemas em Curitiba, o prefeito e candidato à reeleição Beto Richa (PSDB) espalhou pela cidade "totens" nos quais os moradores dão notas sobre sua gestão.

Fora da pauta. Lula não deverá tocar no tema eleição durante visita a Salvador, amanhã, quando assinará a transformação da Secretaria da Pesca em ministério. No entanto, ainda que tenham de permanecer mudos, os aliados Walter Pinheiro (PT) e João Henrique (PMDB) estarão lá, firmes e fortes no palanque com o presidente.

Se bem que... Uma vez que ACM Neto (DEM) é considerado um "adversário comum" aos dois candidatos da base, há quem aposte que Lula pode não resistir e dedicar alguns cutucões ao deputado.

Data venia. A sanção da lei que proíbe devassas em escritórios de advocacia durante investigações contra os clientes será tema da reunião de coordenação política de Lula, hoje. A declaração do ministro Tarso Genro (Justiça) de que o presidente deveria vetar alguns pontos da medida dividiu opiniões no Planalto.

Touché. Como vem se tornando rotina, bastou Tarso defender que seja relativizada a blindagem a escritórios de advocacia, o ex-ministro José Dirceu saiu em defesa da medida em seu blog.

Replay. Dilma Rousseff tem encontro marcado com os senadores da Comissão de Infra-Estrutura no dia 7, tão logo acabe o recesso. O assunto, desta vez, não é o ainda inconcluso caso do dossiê anti-FHC, mas a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Arsenal. A CPI dos Grampos receberá amanhã documentos sigilosos sobre a Operação Chacal, embrião da Satiagraha. A bancada tucana escalou dois técnicos para fazer pente-fino nos papéis.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"A proposta dará mais poderes ao policial, mas isso não é útil à investigação. Se ele cometer abusos, vai demorar para ser removido."

Do criminalista ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA , sobre o lobby para aprovação de emenda constitucional que confere aos delegados da Polícia Federal a prerrogativa de inamovibilidade.

Contraponto

Ampulheta

Durante recente missa em homenagem ao padre Ticão, no bairro paulistano de Ermelino Matarazzo, e diante da presença dos três principais candidatos à prefeitura -Marta Suplicy (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM)-, o primeiro político chamado ao microfone foi Eduardo Suplicy. O próprio religioso o convidou, fazendo, porém, uma advertência:
-O senador vai dar um recado rápido, um minuto só...
Pensando melhor, padre Ticão afrouxou o cronômetro:
-É difícil o Suplicy falar um minuto só...
O petista, porém, resolveu ser obediente. Para surpresa geral, discursou por exatos 55 segundos.


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