São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / LEI EM QUESTÃO

PT irá à Justiça contra uso da máquina por Kassab

Utilização da prefeitura para tentar influir no Datafolha é alvo da campanha de Marta

Prefeito pediu, em e-mail, "ação" dos subprefeitos para localizar pesquisadores; uso da estrutura pública pode gerar candidatura cassada


Marlene Bergamo/Folha Imagem
A ex-prefeita Marta Suplicy visita o Centro de Tradições Nordestinas, no Limão, zona norte de SP

CONRADO CORSALETTE
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A coordenação da campanha de Marta Suplicy (PT) irá pedir que a Justiça Eleitoral investigue se houve uso da máquina pública pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que tenta a reeleição. A Folha revelou ontem que Kassab enviou e-mail para subprefeitos pedindo uma "ação" de modo a tentar influir na última pesquisa Datafolha.
A mensagem foi enviada em 23 de julho -o primeiro dos dois dias de campo do levantamento, que apontou Kassab em terceiro lugar (11%).
Na noite de ontem, o candidato do PSOL, Ivan Valente, protocolou no cartório da 1ª zona eleitoral uma representação de abuso de poder contra Kassab pelo suposto uso da máquina pública em benefício de sua campanha.
O prefeito voltou a negar ontem o uso da máquina pública e repetiu que sua intenção era evitar que adversários, especificamente os petistas, influenciassem o levantamento. Os procedimentos de segurança e a metodologia do Datafolha impedem que ações coordenadas modifiquem o resultado.
Marta, que visitou ontem o Centro de Tradições Nordestinas e a festa anual dos motoristas de ônibus da capital, evitou comentar o caso. "Estou pasma, não tenho palavras", limitou-se a dizer a ex-prefeita.
Coordenador da campanha petista, o deputado federal Carlos Zarattini (PT) justificou a intenção do partido de ir à Justiça contra Kassab. "Servidor público não é contratado para fazer campanha ou interferir nela." A Lei Eleitoral prevê punições a quem utiliza cargo público para fins eleitorais. A pena para quem for condenado por tal ilegalidade pode chegar à cassação da candidatura.
O candidato tucano, Geraldo Alckmin, apesar de hospitalizado por conta de uma diverticulite, conversou com aliados e decidiu que não irá entrar com representação contra Kassab.
Dividindo o primeiro lugar nas pesquisas com Marta, o ex-governador disse temer dinamitar as pontes com o prefeito para um eventual acordo na disputa de segundo turno.
Reservadamente, a avaliação dos tucanos é a de que o gesto demonstra "desespero" e "descontrole" de Kassab. E pode afastar o prefeito de seu antecessor e padrinho político, o governador José Serra (PSDB).
"Cada um faz a campanha como pode. A nossa não se dá dessa maneira. Não pretendemos tomar nenhuma atitude, embora a gente entenda que eles tenham atentado contra uma das instituições mais importantes do país, que é o Datafolha", disse o deputado federal Edson Aparecido, coordenador da campanha tucana.
Na seara petista existe uma divisão quanto às conseqüências políticas do caso. Parte da coordenação da campanha de Marta não vê com bons olhos a perspectiva de Kassab ficar "desidratado" tão cedo, pois o prefeito ajuda a diluir os votos do eleitorado antipetista. Seu enfraquecimento faria esses votos migrarem para Alckmin precocemente, colocando o tucano à frente de Marta. Outros petistas preferem polarização imediata com o tucano, numa antecipação, dizem, do segundo turno. Há o consenso de que Kassab deve crescer com a propaganda gratuita na TV e no rádio, que começa em 19 de agosto. O prefeito é o candidato que terá o maior tempo na TV.


Colaborou a Folha Online


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