São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Líder do PT não fala pela bancada do PT, diz governo

Para Múcio, pedido de licença de Sarney feito por Mercadante é ato isolado de "um ou dois"

Lula teme que renúncia do presidente do Senado coloque PMDB e PT em lados opostos e divida a base aliada na CPI da Petrobras

Alan Marques/Folha imagem
O ministro Múcio deixa a sede do governo após reunião com Lula


SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Lula considerou ato isolado de "um ou dois senadores" a nota divulgada pela bancada do PT no Senado pedindo o afastamento temporário do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e manteve o apoio ao peemedebista.
Em conversa com aliados, o presidente Lula disse que o ideal é que Sarney resista à crise e vai trabalhar por isso, mas avalia que a situação pode ficar insustentável e levá-lo a renunciar à presidência.
Contratação de parentes e aliados por meio de atos secretos, ingerência do seu filho Fernando Sarney em contratações e suspeitas sobre o uso de recursos públicos na fundação que leva seu nome colocaram o senador no centro da crise.
Lula disse a assessores temer a batalha que será criada no Senado, se Sarney renunciar, em torno da sucessão, colocando em lados opostos PMDB e PT e dividindo a base aliada nos trabalhos da CPI da Petrobras.
O petista teme, inclusive, que a disputa resulte na eleição de um presidente do Senado que não seja de sua confiança ou de um nome da oposição -já que o DEM deve se aliar a tucanos e não mais ao PMDB, como ocorreu na campanha de Sarney.
Esse cenário negativo, que pode prejudicar o governo na reta final de mandato, será usado por Lula para convencer petistas a não retirar oficialmente o apoio ao peemedebista.
Ontem, após a reunião de coordenação, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) deu o tom do governo em defesa de Sarney, classificando de manifestação isolada de alguns senadores petistas a nota da sexta-feira. "Avaliamos que isso não é um movimento do PT, imaginamos que seja um posicionamento de um ou dois senadores. Muitos [senadores] estão fora, estamos esperando que a poeira baixe", disse.
O ministro afirmou que a posição do governo continua sendo de pleno apoio a Sarney.
Múcio lembrou que Lula conversou com a bancada petista há cerca de 15 dias e que havia ocorrido recuo quanto ao pedido de licença de Sarney.
Em nota assinada pelo líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), os petistas afirmaram que a divulgação de gravações da PF que indicariam envolvimento de Sarney na negociação da contratação do namorado da neta é "grave, porque há indícios concretos da associação do peemedebista com atos secretos".
Mercadante pediu que o Conselho de Ética apure com rigor as acusações, mas em nenhum momento falou sobre renúncia. Ou seja, o PT continua com o discurso do início da crise: pediu para Sarney se afastar, mas não retirou o apoio.
Apesar da nota, Lula ainda acredita ser possível trabalhar para que a bancada do PT não adote uma posição conjunta pela saída de Sarney. Ele conta com o apoio de ao menos 6 dos 12 senadores petistas.
Mercadante não foi localizado ontem, mas o outro senador petista de SP, Eduardo Suplicy, reafirmou que concorda com o afastamento de Sarney defendido na nota de sexta-feira.


Colaboraram ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de Brasília, e MÁRCIO FALCÃO , da Folha Online, em Brasília


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