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Líder do PT não fala pela bancada do PT, diz governo
Para Múcio, pedido de licença de Sarney feito por Mercadante é ato isolado de "um ou dois"
Lula teme que renúncia
do presidente do Senado coloque PMDB e PT em lados opostos e divida a base aliada na CPI da Petrobras
Alan Marques/Folha imagem
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O ministro Múcio deixa a sede do governo após reunião com Lula |
SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula considerou
ato isolado de "um ou dois senadores" a nota divulgada pela
bancada do PT no Senado pedindo o afastamento temporário do presidente da Casa, José
Sarney (PMDB-AP), e manteve
o apoio ao peemedebista.
Em conversa com aliados, o
presidente Lula disse que o
ideal é que Sarney resista à crise e vai trabalhar por isso, mas
avalia que a situação pode ficar
insustentável e levá-lo a renunciar à presidência.
Contratação de parentes e
aliados por meio de atos secretos, ingerência do seu filho Fernando Sarney em contratações
e suspeitas sobre o uso de recursos públicos na fundação
que leva seu nome colocaram o
senador no centro da crise.
Lula disse a assessores temer
a batalha que será criada no Senado, se Sarney renunciar, em
torno da sucessão, colocando
em lados opostos PMDB e PT e
dividindo a base aliada nos trabalhos da CPI da Petrobras.
O petista teme, inclusive, que
a disputa resulte na eleição de
um presidente do Senado que
não seja de sua confiança ou de
um nome da oposição -já que o
DEM deve se aliar a tucanos e
não mais ao PMDB, como ocorreu na campanha de Sarney.
Esse cenário negativo, que
pode prejudicar o governo na
reta final de mandato, será usado por Lula para convencer petistas a não retirar oficialmente
o apoio ao peemedebista.
Ontem, após a reunião de
coordenação, o ministro José
Múcio (Relações Institucionais) deu o tom do governo em
defesa de Sarney, classificando
de manifestação isolada de alguns senadores petistas a nota
da sexta-feira. "Avaliamos que
isso não é um movimento do
PT, imaginamos que seja um
posicionamento de um ou dois
senadores. Muitos [senadores]
estão fora, estamos esperando
que a poeira baixe", disse.
O ministro afirmou que a posição do governo continua sendo de pleno apoio a Sarney.
Múcio lembrou que Lula conversou com a bancada petista
há cerca de 15 dias e que havia
ocorrido recuo quanto ao pedido de licença de Sarney.
Em nota assinada pelo líder
do partido no Senado, Aloizio
Mercadante (SP), os petistas
afirmaram que a divulgação de
gravações da PF que indicariam envolvimento de Sarney
na negociação da contratação
do namorado da neta é "grave,
porque há indícios concretos
da associação do peemedebista
com atos secretos".
Mercadante pediu que o
Conselho de Ética apure com
rigor as acusações, mas em nenhum momento falou sobre renúncia. Ou seja, o PT continua
com o discurso do início da crise: pediu para Sarney se afastar,
mas não retirou o apoio.
Apesar da nota, Lula ainda
acredita ser possível trabalhar
para que a bancada do PT não
adote uma posição conjunta
pela saída de Sarney. Ele conta
com o apoio de ao menos 6 dos
12 senadores petistas.
Mercadante não foi localizado ontem, mas o outro senador
petista de SP, Eduardo Suplicy,
reafirmou que concorda com o
afastamento de Sarney defendido na nota de sexta-feira.
Colaboraram ADRIANO CEOLIN ,
da Sucursal de Brasília, e MÁRCIO FALCÃO ,
da Folha Online, em Brasília
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