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Em SP, Sarney conta os votos no Conselho de Ética
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo após passar a noite
em claro para acompanhar a cirurgia a que sua mulher, Marly,
fora submetida, o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), dedicou o dia de ontem a
articulações políticas.
Pela manhã, o senador pediu
que fosse enviada para São Paulo a relação dos integrantes e
suplentes do Conselho de Ética
do Senado, órgão responsável
pelo julgamento de representações contra os parlamentares, e
contabilizou quem está a seu
lado e quem está contra ele.
A pedido de Sarney -que
consultou tucanos sobre a real
intenção do PSDB de apresentar uma representação contra
ele no Conselho de Ética-, a
lista teria de ser enviada via fax
para o hospital Sírio-Libanês,
onde a mulher do senador deve
ficar internada até sexta-feira.
No início da tarde, Sarney
deixou o hospital para se reunir
com aliados políticos. À noite,
de volta ao hospital, recebeu o
advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Segundo interlocutores, Sarney recebeu telefonemas do
presidente Lula e de ministros
-entre os quais José Múcio-,
que se disseram preocupados
com a saúde de dona Marly.
Na madrugada de ontem, ela
foi submetida a uma cirurgia
em decorrência de fratura do
ombro esquerdo.
Sarney só dormiu das 5h às
7h e, pela manhã, comemorou o
fato de ter sido dispensada a colocação de prótese em sua mulher. Mas, aos amigos o senador
se queixava da turbulência política que enfrenta.
Alvo de denúncias, ele se disse vítima de injustiça. Ao receber o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), reclamou das acusações:
"Não dormi a noite toda. Um
casamento de 56 anos exige esses sacrifícios".
O presidente do Senado dividia com parentes de pacientes
uma sala de espera do hospital.
Caminhava pelo corredor e sua
inquietação era mensurável pelo ritmo com que batia o pé direito nos raros momentos em
que se sentava.
À tarde, ele almoçou com os
senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Wellington Salgado (MG).
Em conversas com diversos
interlocutores, Sarney contabilizou apoio e desafetos gerados
ao longo da crise. Elogiou, por
exemplo, o comportamento do
presidente Lula neste período.
Mas manifestou preocupação quanto à bancada do PT.
Segundo aliados, Sarney condiciona sua sobrevivência à solidariedade do partido de Lula e
teria admitido que sua permanência depende dos petistas.
Sarney, dizem interlocutores, se queixa principalmente
de dois tucanos contra quem,
juram, teria munição: Tasso Jereissati e Arthur Virgílio.
Estimulado a se afastar de
Brasília sob o pretexto de que
deve se dedicar à recuperação
da mulher, Sarney afirma que
estará de volta ao Congresso na
semana que vem. Do contrário,
dizem, vão pensar que desistiu.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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