São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Palocci e Dirceu farão a campanha de Dilma

Lula escala o ex-ministro da Fazenda para articular apoio no empresariado e o ex-chefe da Casa Civil para coordenar alianças

Cândido Vaccarezza (PT) e Gim Argello (PTB), estrelas em ascensão da bancada governista, são cotados para vagas no ministério

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva armou para a campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff o mesmo comando de sua própria campanha em 2002 -que foi atropelado por escândalos no governo: os nomes-chaves serão os dos ex-ministros Antonio Palocci (que ainda responde a processo no STF) e José Dirceu (que foi cassado na Câmara).
Na composição ditada por Lula, Palocci atua "por cima", mantendo contatos com o empresariado e garantindo que a política econômica conservadora seja mantida se Dilma for eleita, enquanto Dirceu age "por baixo", tentando acomodar os interesses do PT com os partidos da base aliada e montando os palanques estaduais.
Os dois já atuam nas tarefas delegadas por Lula, que julga Palocci "o guardião da política econômica" que o aproximou da elite econômica. Na campanha de Dilma, Palocci atua nos bastidores e tende a se manter discreto, mesmo após o desfecho, esperado para agosto, da ação que corre contra ele pela acusação de quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa.
O coordenador nominal da campanha deverá ser o presidente do PT à época da eleição, provavelmente o ex-senador José Eduardo Dutra (SE), ex-presidente da Petrobras.
A Folha apurou que foi o próprio Lula quem afastou a possibilidade de Palocci ser nomeado ministro de Relações Institucionais, que faz a coordenação política do governo: "Ele [Palocci] vai chefiar a campanha", disse Lula a interlocutores em conversa sobre quem deverá ocupar o lugar do ministro José Múcio (PTB-PE), que está para ser nomeado para o Tribunal de Contas da União, órgão que o governo considera muito oposicionista.
Essa vaga está sendo o centro do tabuleiro de Lula para dois jogos distintos: 1) equilibrar as forças políticas que apoiam o governo e que se tornam cada vez mais exigentes à medida que a eleição se aproxima; 2) trazer para o palco político novos personagens que estão ocupando o vácuo de velhos líderes atropelados por escândalos.
Disputam a vaga de Múcio o PT, alegando que é o partido de Lula; o PMDB, por ter a maior bancada e as presidências da Câmara e do Senado; e o PTB, que só tem esse ministério.
O PMDB já tem seis ministérios e ainda deverá abocanhar a vaga de vice na chapa de Dilma -que pode ficar com o presidente da Câmara, Michel Temer, ou com o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Na disputa, até agora, vence o PT. E um PT específico: o ligado à ex-ministra do Turismo Marta Suplicy. O nome mais forte para o cargo é o do líder da bancada petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), em ascensão na bancada petista.
O PTB, nesse caso, voltaria a ocupar o Turismo, que perdera para Marta. A questão é o nome, pois o candidato natural em qualquer hipótese oferecida ao partido é o do vice-líder do governo no Senado, Gim Argello, outra estrela em ascensão: além de considerado bom articulador no Parlamento, ele é um dos consultores de Dilma.
Já o PMDB pressiona para comandar a articulação política, mas na verdade para negociar a participação de um dos seus nas reuniões de coordenação presididas por Lula. O nome da preferência do partido na Câmara é o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima.


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