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Palocci e Dirceu farão a campanha de Dilma
Lula escala o ex-ministro da Fazenda para articular apoio no empresariado e o ex-chefe da Casa Civil para coordenar alianças
Cândido Vaccarezza (PT) e Gim Argello (PTB), estrelas em ascensão da bancada governista, são cotados para vagas no ministério
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva armou para a campanha presidencial da ministra
Dilma Rousseff o mesmo comando de sua própria campanha em 2002 -que foi atropelado por escândalos no governo: os nomes-chaves serão os
dos ex-ministros Antonio Palocci (que ainda responde a
processo no STF) e José Dirceu
(que foi cassado na Câmara).
Na composição ditada por
Lula, Palocci atua "por cima",
mantendo contatos com o empresariado e garantindo que a
política econômica conservadora seja mantida se Dilma for
eleita, enquanto Dirceu age
"por baixo", tentando acomodar os interesses do PT com os
partidos da base aliada e montando os palanques estaduais.
Os dois já atuam nas tarefas
delegadas por Lula, que julga
Palocci "o guardião da política
econômica" que o aproximou
da elite econômica. Na campanha de Dilma, Palocci atua nos
bastidores e tende a se manter
discreto, mesmo após o desfecho, esperado para agosto, da
ação que corre contra ele pela
acusação de quebra do sigilo
bancário de Francenildo Costa.
O coordenador nominal da
campanha deverá ser o presidente do PT à época da eleição,
provavelmente o ex-senador
José Eduardo Dutra (SE), ex-presidente da Petrobras.
A Folha apurou que foi o
próprio Lula quem afastou a
possibilidade de Palocci ser nomeado ministro de Relações
Institucionais, que faz a coordenação política do governo:
"Ele [Palocci] vai chefiar a
campanha", disse Lula a interlocutores em conversa sobre
quem deverá ocupar o lugar do
ministro José Múcio (PTB-PE), que está para ser nomeado
para o Tribunal de Contas da
União, órgão que o governo
considera muito oposicionista.
Essa vaga está sendo o centro
do tabuleiro de Lula para dois
jogos distintos: 1) equilibrar as
forças políticas que apoiam o
governo e que se tornam cada
vez mais exigentes à medida
que a eleição se aproxima; 2)
trazer para o palco político novos personagens que estão ocupando o vácuo de velhos líderes
atropelados por escândalos.
Disputam a vaga de Múcio o
PT, alegando que é o partido de
Lula; o PMDB, por ter a maior
bancada e as presidências da
Câmara e do Senado; e o PTB,
que só tem esse ministério.
O PMDB já tem seis ministérios e ainda deverá abocanhar a
vaga de vice na chapa de Dilma
-que pode ficar com o presidente da Câmara, Michel Temer, ou com o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Na disputa, até agora, vence
o PT. E um PT específico: o ligado à ex-ministra do Turismo
Marta Suplicy. O nome mais
forte para o cargo é o do líder
da bancada petista na Câmara,
Cândido Vaccarezza (SP), em
ascensão na bancada petista.
O PTB, nesse caso, voltaria a
ocupar o Turismo, que perdera
para Marta. A questão é o nome, pois o candidato natural
em qualquer hipótese oferecida ao partido é o do vice-líder
do governo no Senado, Gim Argello, outra estrela em ascensão: além de considerado bom
articulador no Parlamento, ele
é um dos consultores de Dilma.
Já o PMDB pressiona para
comandar a articulação política, mas na verdade para negociar a participação de um dos
seus nas reuniões de coordenação presididas por Lula. O nome da preferência do partido
na Câmara é o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima.
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