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"Bolsas família" estaduais atingem 800 mil
Projetos vão de pagamento por turno escolar extra a poupança para bons alunos; programa federal atende a 11,5 milhões de famílias
Gasto em 14 Estados e no DF é de R$ 828 milhões ao ano, enquanto programa federal tem orçamento previsto de R$ 11,4 bilhões para 2009
FELIPE BÄCHTOLD
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Catorze Estados e o Distrito
Federal estão desembolsando
ao menos R$ 828 milhões ao
ano com programas de transferência de renda, nos moldes do
Bolsa Família do governo federal. As iniciativas são tanto de
governadores que apoiam o
presidente Lula quanto de governadores da oposição.
Os projetos vão desde pagamento a famílias pobres para
que os filhos permaneçam por
um segundo turno nas escolas,
como no Tocantins, até uma
poupança de R$ 1.000 ao ano
para jovens com bom rendimento escolar, em Minas.
O número de benefícios estaduais pagos em todo o país é de
pelo menos 805 mil.
Os programas desse tipo são
mais comuns em Estados onde
já há grande penetração do Bolsa Família. Na Bahia, onde 1,4
milhão de famílias recebem a
bolsa federal, o governo estadual destina R$ 171 milhões do
Orçamento para pagamento de
ajuda a jovens pobres.
Os Estados do Sul e o Rio de
Janeiro não têm bolsas de pagamento de dinheiro.
São Paulo
O maior programa no país é o
Renda Cidadã, de São Paulo,
que atendeu 137 mil famílias no
ano passado, ao custo de R$ 106
milhões. De 2005 para 2006, o
orçamento para o programa
mais do que dobrou.
O Bolsa Família, uma das
principais bandeiras do governo Lula, tem orçamento previsto de R$ 11,4 bilhões para 2009.
O programa atende 11,5 milhões de famílias de todo o país.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, não há
irregularidade em uma família
receber simultaneamente o benefício do Bolsa Família e de
outro programa estadual ou
municipal. Goiás, porém, estabeleceu que só quem não recebe o benefício federal pode participar do estadual.
A maioria dos programas estaduais possui o mesmo mecanismo da bolsa federal: para receber o benefício, as famílias
devem ter baixa renda per capita. Em SP, para participar do
Ação Jovem, a renda familiar
por pessoa pode ser de no máximo meio salário mínimo. No
Amazonas, para ganhar o benefício do Jovem Cidadão, a família deve participar de reuniões
na escola e o jovem precisa ter
frequência escolar de 90%.
Dos 22 programas informados pelos governos estaduais
(alguns Estados têm mais de
um programa), 14 foram criados desde o início do governo
Lula, em 2003. No Rio Grande
do Norte, duas bolsas, que pagam R$ 100 a jovens que participam de programas de qualificação profissional, começaram
a ser pagas neste ano.
Benefício suspenso
Em pelo menos dois Estados,
os governadores decidiram encerrar programas de transferência de renda ao assumir o
cargo em 2007.
No Rio de Janeiro, segundo a
Secretaria da Assistência Social, a nova gestão considerou
que a aplicação do programa,
chamado Cheque Cidadão, era
"frágil e vulnerável" e migrou
famílias beneficiadas ao Bolsa
Família. O órgão diz que os R$
100 milhões economizados foram para a Secretaria da Saúde.
Em Alagoas, o governo suspendeu para reformulação um
programa que pagava R$ 75,50
ao mês para famílias pobres.
Em Rondônia, o governo de
Ivo Cassol (PP) diz que não
mantém projetos do tipo por
ser contra o "assistencialismo"
por parte do Estado.
No Maranhão, em março,
após ter sido cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o governador Jackson Lago (PDT)
lançou um programa de transferência de renda de R$ 150
mensais. Na época, ele permanecia no cargo em razão de recursos judiciais. O governo
atual, de Roseana Sarney
(PMDB), não respondeu questionário encaminhado pela reportagem sobre programas de
transferência de renda.
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