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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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OBRAS PÚBLICAS

Empreiteira tem contratos de R$ 12 mi com Prefeitura de Campo Grande

Garis são laranjas de empresa em MS

Edemir Rodrigues/Folha Imagem
Marcus Vinícius Brito, 47, que aparece como dono de empreiteira


JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Desde 2001 a empresa Engecap Construções Ltda. presta serviços para o município de Campo Grande (MS) com contratos que somam R$ 12 milhões.
O detalhe é que seus proprietários são dois garis, que na última semana prestavam serviços para a Sesop (Secretaria de Serviços e Obras Públicas) na limpeza de ruas da cidade.
Nos contratos e aditivos firmados entre a Prefeitura de Campo Grande e a Engecap Construções, a empresa é representada pelo engenheiro Eolo Genoves Ferrari, 52, ex-diretor do Departamento de Obras do Estado de Mato Grosso do Sul na gestão Marcelo Miranda (1987-91). Procurados pela Agência Folha, os garis Paulo Izidoro Sobral, 32, e Marcus Vinícius Brito, 47, afirmaram não saber que eram donos da empresa.
De dezembro do ano passado a junho deste ano, conforme relatórios contábeis de empenhos pagos pelo município obtidos pela Agência Folha, a Engecap -que, no papel, é Sobral e Brito- recebeu, por serviços prestados, R$ 2,297 milhões. Funcionários terceirizados da Sesop, eles recebem um salário de R$ 190 por mês.
Entre os vários contratos de obras da Engecap Construções com a Prefeitura de Campo Grande, a empresa opera, por cessão contratual, nas obras de contenção de enchentes e canalização de fundo de vale do córrego Bandeira, com verbas do Ministério da Integração Nacional.
Documentos obtidos pela Agência Folha mostram que os garis adquiriram a empresa de dois laranjas, Mário Silva e Manoel Mendes Pereira, em 27 de junho de 2002, por R$ 150 mil. Na Junta Comercial do Estado, aparecem como sócios da empresa com cotas de R$ 75 mil cada.
Ferrari, que assina por procuração todos os documentos da empresa, negou na quinta-feira ser o dono da empresa. Na sexta, admitiu ser o proprietário.
Os dois garis ficaram surpresos quando souberam, pela Agência Folha, que seus nomes constam como donos da Engecap. Não sabem quando isso ocorreu, mas suspeitam de um "colega" que recolheu os documentos deles para fazer cópias em fevereiro deste ano. O objetivo, segundo eles, era arrumar emprego para os dois.

Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Campo Grande


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