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ANÁLISE
Prova substitui "faca no pescoço"
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A decisão de ontem do STF,
que reconheceu a existência da
quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, mas
não acolheu a denúncia contra
Antonio Palocci, restitui a prevalência da atitude mais conservadora dos ministros em
questão penal.
A questão da prova irrefutável da autoria foi colocada no
centro da questão pelo relator
da ação, Gilmar Mendes, em tese acolhida por ligeira maioria.
O paradigma de que o STF
era conservador em questão
penal havia sido quebrado em
2007, na abertura de processo
no caso do mensalão, a despeito
dos prognósticos anteriores de
que vários dos denunciados escapariam ilesos.
Apesar de ter sido derrotado
na jornada de ontem, o advogado Alberto Zacharia Toron, que
defende João Paulo Cunha
(PT-SP) no caso do mensalão,
comemorava o fato de a prova
voltar ao centro das preocupações dos ministros. "Nesse caso, o STF recuperou a independência. Não houve um incidente como aquele da troca de
mensagens", ponderou.
É uma referência à troca de
mensagens eletrônicas entre os
ministros naquele julgamento,
cuja divulgação teve, no entender de advogados e dos membros da Corte, o condão de influenciar o voto de muitos deles
a favor da abertura de ação.
Ao assumir a presidência do
STF, Gilmar Mendes optou por
não renunciar à relatoria do caso Palocci, tão emblemático politicamente quanto o anterior.
É emblemático que ontem tenha saído vitorioso, quando a
consagração de dois anos atrás
foi de seu desafeto no STF, Joaquim Barbosa, ontem ausente.
Naquela ocasião, Barbosa defendeu que a existência de "indícios" relevantes era o suficiente para abrir ação penal
contra os 40 do mensalão. Ontem, essa tese foi rejeitada pela
maioria no caso Palocci.
Que influência o novo entendimento do STF em questão
penal envolvendo políticos terá
no desfecho do processo do
mensalão, que se arrasta sem
previsão de desfecho próximo,
está por ser definido. O certo é
que, ontem, o STF votou menos
com a "faca no pescoço", como
disse Ricardo Lewandowski sobre a decisão de 2007.
Vídeo do voto de Mendes
www.folha.com.br/0923911
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