São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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PAINEL


Veto suspenso

O BC voltou atrás e suspendeu o parecer técnico no qual o Senado se baseou para vetar empréstimo, de US$ 100 milhões, que o Banco Mundial daria ao Estado de São Paulo.

Mão da Fazenda

A intervenção de Malan pesou para a suspensão do veto ao empréstimo a SP. O ministro argumentou que a capacidade de pagar deveria prevalecer, como critério, sobre o teto de endividamento do Estado.

Moral da história

O primeiro escalão de Covas acredita que o veto ao empréstimo do Bird, ocorrido há quase duas semanas, deveu-se à mobilização insuficiente da bancada paulista no Senado.


Questão de estilo

Michel Temer (PMDB-SP) saiu-se melhor do que Antonio Carlos Magalhães na "Marcha dos 100 Mil", segundo se avalia no Congresso. O presidente da Câmara teria sido ponderado, o do Senado, autoritário. "Para o senador, multidão boa, só atrás de trio elétrico", resumiu um deputado da bancada governista.

O roto e o esfarrapado

O PMDB denunciou na Assembléia gaúcha que Olívio Dutra foi à "Marcha dos 100 Mil" no avião do governo do Estado. A informação partiu do Ministério dos Transportes, ocupado pelo peemedebista Eliseu Padilha, adversário político do governador petista.

Protesto ajuizado

Dono de um longo histórico de manifestações, o presidente da CUT-DF, José Zunga, surpreendeu-se com a tranquilidade da marcha da oposição, anteontem: "Parecia um congresso de hare krishna".

Nem a favor nem contra

O PSDB encomendou uma pesquisa nacional sobre o partido. Para saber a quantas anda o prestígio tucano perante o eleitorado. O risco é o de que as respostas sigam o padrão da legenda: fiquem em cima do muro.

Debandada tucana

O deputado Emerson Kapaz (PSDB-SP), ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Covas, tem encontro marcado na segunda com Ciro Gomes. Em pauta, sua ida para o PPS.

Braço agrícola

O senador Blairo Maggi (sem partido-MT), grande exportador de soja, também está a caminho do partido de Ciro.

A mesma bússola

Mesmo com a adoção de políticas sociais que seriam uma resposta ao sucesso da marcha da oposição, o governo não afrouxará a estabilidade da moeda. É o recado que circulou ontem pela equipe econômica.

Unificação de critérios

As seguradoras decidiram, anteontem, no Rio, unificar as redes em que armazenam o histórico eletrônico dos segurados. Motivo: impedir fraudes na concessão de bônus para os que utilizam pouco o seguro.

Direitos humanos

O Senado aprovou projeto que coloca os Direitos Humanos no currículo do ensino fundamental. O texto partiu da Câmara, onde foi apresentado por Zé Anibal (PSDB-SP), hoje no secretariado paulista.

Causa própria

O PT se opôs à proibição de coligações nas eleições proporcionais, mas sem muita garra. É o partido mais favorecido na oposição por essa decisão tomada em comissão do Senado.

Só para provocar
Inocêncio Oliveira está comprando briga com os ruralistas. O líder do PFL na Câmara não colocou Ronaldo Caiado na comissão mista que analisará a MP sobre as dívidas agrícolas.

Primeira classe

O vôo 507 da TAM, de Brasília para São Paulo, foi uma espécie de extensão da "Marcha dos 100 Mil". Levava pelo menos oito sindicalistas, ainda paramentados com camisetas que traziam a inscrição "Fora FHC". A turba voltou de ônibus.

TIROTEIO

De Arthur Virgílio (PSDB-MG), sobre Aloizio Mercadante (PT-SP), que ironizou a estimativa feita pelo governo para a adesão à marcha:
-Descobri a linha do economista Mercadante. Ele não é marxista, é marchista. Uma corrente mais fácil, que dispensa o estudo da realidade.

CONTRAPONTO

Borges e Perón
Em recente jantar em Buenos Aires, oferecido a empresários brasileiros, um diplomata argentino narrou, com enorme sucesso, o seguinte episódio:
Jorge Luis Borges (1899-1986), como aliás é notório, foi demitido em 1946 da direção de uma biblioteca municipal por ter assinado um manifesto contra o regime ditatorial Perón.
Um repórter do "La Nación" o procurou em seu apartamento, na calle Maipu, para que ele se pronunciasse sobre a demissão:
- O general Juan Domingo Perón é um miserável.
Por causa da censura, obviamente, a declaração de Borges não foi publicada pelo jornal.
Anos depois, em 1974, Perón morre como presidente constitucional da Argentina.
Borges já se tornara um personagem de primeira linha na literatura mundial.
Novamente, o "La Nación" destaca um repórter para ouvi-lo. Sua resposta:
- O general Juan Domingo Perón é um miserável. Um miserável morto.


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