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PÓS-MARCHA
Ato teria "milhões" se pobres pudessem ir a Brasília, diz d. Jayme
Governo deve rever rumos
da economia, avalia CNBB
da Sucursal de Brasília
e free-lance para a Folha
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), dom Jayme Chemello,
disse que a "Marcha dos 100 Mil"
foi um recado para o governo e
serviu para mostrar que "o povo
sofre". Ele afirmou, porém, que a
Igreja Católica não apoiará a greve geral prevista para 8 de outubro "porque uma greve causa
muito prejuízo para o país".
Para dom Jayme, o governo
"deve valorizar e dialogar com esse povo" representado na marcha, mas afirmou que a manifestação não resolve os problemas.
"Os mais pobres não vieram porque não têm como vir. Se tivessem como vir e se o povo achasse
que a marcha ia resolver seus problemas, não viria só 1 milhão, viriam 10 milhões, 15 milhões."
O cálculo do número de pessoas presentes à marcha, realizada anteontem na Esplanada dos
Ministérios, variou. Os organizadores do ato estimaram mais de
100 mil pessoas. A Secretaria da
Segurança Pública do Distrito Federal contou pouco mais de 40
mil manifestantes. Projeções feitas pela Folha indicaram a presença de cerca de 75 mil pessoas.
Dom Jayme deu as declarações
em entrevista convocada para falar sobre a reunião do Conselho
Permanente da CNBB, de onde
saiu o documento "Desafios e Esperanças do Momento Atual".
O trabalho traz uma avaliação
da igreja sobre problemas do país
e contém críticas ao governo e aos
políticos. Para a CNBB, é hora de
rever a política econômica e de
traçar uma nova política social.
"Estamos caindo, cada vez
pior", avalia a CNBB. O país está
"crescendo no papel, como o rabo do petiço (cavalo de pequena
estatura), que cresce para baixo".
Dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da
Terra, entidade ligada à Igreja Católica que monitora conflitos no
campo e assessora movimentos
de sem-terra, disse que, na marcha, "o presidente ficou isolado
no Palácio do Planalto e rodeado
por ministros e seguranças".
Oposição
Os partidos de oposição (PT,
PDT, PC do B, PSB e PCB) preparam um ""manifesto" que será divulgado para o público dentro de
15 ou 20 dias com uma proposta
unitária de administração, alternativa à do governo FHC.
O anúncio foi feito em Porto
Alegre pelo líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu
com o governador Olívio Dutra
(PT). Segundo ele, o manifesto estará pronto em 15 ou 20 dias.
Já no caso de uma investigação
sobre a privatização do Sistema
Telebrás, PDT e PT adotarão estratégias distintas.
O presidente do PDT, Leonel
Brizola, disse que o partido insistirá na campanha pela renúncia
de FHC. O líder do PT na Câmara,
José Genoino (SP), disse que o
partido tentará conseguir apoio
de senadores -já tem o de deputados- para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre
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