São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / RETA FINAL

Lula ainda avalia os riscos e só decide hoje se irá ao debate

Resultado de pesquisas eleitorais de ontem seria levado em conta para presidente tomar decisão

Principal argumento para o comparecimento seria fortalecer a intenção de voto dos ainda indecisos em razão do caso dossiê


Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
O candidato à Presidência do PSDB, Geraldo Alckmin, é abordado por eleitores durante caminhada em Carapicuiba, em SP


KENNEDY ALENCAR
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem com os principais ministros e estrategistas da campanha à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu conselhos para comparecer ao debate de hoje na TV Globo. Lula, porém, deverá tomar decisão final na manhã de hoje. O presidente reiterou a ministros que deseja comparecer e que sua intuição lhe diz que seria importante a presença dele para animar a militância e dar esclarecimentos sobre o caso do dossiê. Mas deixou claro que não tomou a decisão final, pois vai considerar todos os riscos.
O principal argumento para comparecer foi "fortalecer", nas palavras de um auxiliar, a intenção de voto dos que estão propícios a optar por Lula, mas que poderiam desistir na última hora devido ao dossiêgate.
Segundo um interlocutor, o presidente manifestou que, se decidir participar do debate, o fará "com o coração aberto". Vai responder a todos os "desaforos", mas pretende reencarnar o "Lulinha paz e amor".
Além de considerar os riscos, Lula demonstrou também preocupação com o tratamento não isonômico aos meios de comunicação. Ele não foi a debates de outras emissoras.
O esclarecimento público sobre a crise durante o debate seria um instrumento, na avaliação de integrantes da equipe do presidente, para segurar votos e tentar vencer no primeiro turno. Lula e auxiliares avaliaram que o comparecimento seria um risco calculado. Já a ausência poderia permitir um bombardeio dos outros três debatedores, Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque, capaz de dificultar vitória no primeiro turno.
Pesariam ainda na decisão de Lula as pesquisas Datafolha e Ibope de ontem à noite. Na reunião da manhã, no Planalto, os auxiliares que recomendaram a ida ao debate disseram que seria importante levar em conta os dois levantamentos. Sob o risco real de a disputa ir ao segundo turno, Lula poderia fazer um gesto ousado e compareceria. Se tiver dianteira segura, desistiria. Um auxiliar disse ao presidente que, se ele acordar disposto e confiante, deve ir em qualquer hipótese.
À tarde, Lula foi ao Palácio da Alvorada. Preparou-se para a entrevista à TV Record e tratou das regras do debate e de como responder a eventual ataque duro de Heloísa Helena.

Comício
Se Lula for ao debate, ele poderá enviar mensagem por teleconferência ao comício marcado para hoje em São Bernardo do Campo. "Hoje temos tecnologia que permite ao Lula participar dos dois eventos", disse o ministro Luiz Marinho (Trabalho). Outra possibilidade sob análise é a transmissão do debate da Globo num telão, em São Bernardo.
O relógio ajudaria. O comício está marcado para as 20h, enquanto o debate deve começar às 22h30, depois da novela. Do Rio de Janeiro, onde será o debate, o presidente poderia enviar a mensagem, sem esvaziar seu ato final de campanha.
Para Marinho, Lula deve seguir a intuição: se for ao debate, não terá nada a esconder sobre a tentativa de petistas de comprar o dossiê contra o PSDB.


Colaborou MALU DELGADO, da Reportagem Local

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