|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pesquisas preocupam comitê de Alckmin, que aposta em erros do petista no debate
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O comando da campanha de
Geraldo Alckmin recebeu com
decepção o resultado das mais
recentes pesquisas Datafolha e
Ibope divulgadas ontem. Levantamentos feito pelo PSDB
nos últimos dias mostravam
um estreitamento da diferença
entre o tucano e o presidente
Lula. Os resultados obrigaram
Alckmin a convocar uma reunião de emergência ontem.
A expectativa era de que, ao
menos na margem de erro,
houvesse a possibilidade de um
segundo turno contra Lula.
Após a divulgação das pesquisas pelo "Jornal Nacional" (TV
Globo), o candidato do PSDB se
reuniu com seu marqueteiro,
Luiz Gonzalez, e com pessoas
de sua confiança na produtora
dos programas de TV de sua
campanha, em São Paulo. Ele
também recebeu telefonemas
dos líderes do PSDB do PFL.
O temor é de que o resultado
das pesquisas desestimulem os
eleitores de oposição e a militância do partido no país. Os
números obrigarão o PSDB a
ajustar alguns pontos de seu
planejamento para os últimos
três dias antes da eleição. Ontem à noite, o partido acionou
seus setores de mobilização,
pedindo mais empenho no trabalho de rua e enviando mensagens de que ainda há chances
de a disputa ser prolongada.
Os resultados do Datafolha e
do Ibope fizeram com que tucanos criticassem Gonzalez e
Alckmin -desta vez, por conta
do programa de TV de anteontem à noite, no qual o marqueteiro não intensificou ainda
mais os ataques a Lula e ao PT.
Alckmin iria gravar as cenas
de seu último programa do horário eleitoral gratuito de TV,
que irá ao ar hoje à noite, antes
do debate marcado para a TV
Globo. Pelo cronograma inicial,
o programa misturaria críticas
a Lula com agradecimentos de
Alckmin e propostas do candidato. Mas cresceu a pressão para que o tucano seja mais incisivo no ataques a Lula e chame a
atenção do eleitor para sua
"responsabilidade histórica".
Pelos cálculos dos tucanos, o
patamar de Lula nos votos válidos precisa baixar mais um
pouco até a noite de sábado. Só
assim, avaliam, Alckmin teria
chances de virar o jogo na boca-de-urna no domingo. O cálculo
leva em conta a expectativa dos
tucanos de que a abstenção seja
maior entre os eleitores do PT e
um crescimento dos "nanicos".
Debate
Em meio à indefinição do
presidente Lula, Alckmin preparou-se ontem para atacar o
petista do começo ao fim no debate de hoje da TV Globo caso
seu principal adversário compareça ou "dê o bolo".
A estratégia de Alckmin, na
primeira hipótese, deverá ser
apostar no "destempero verbal" e nos "atos falhos" do presidente para tentar constrangê-lo no campo da ética, segundo tucanos e coordenadores da
campanha de oposição.
Se o presidente não comparecer, o candidato do PSDB
tentará demonstrar indignação
diante dos escândalos, especialmente o da compra de dossiês pelos petistas, acusará Lula
de não ter compromisso com a
verdade e apelará ao telespectador, afirmando que Lula desrespeita a democracia.
Para os tucanos, diferentemente do que ocorreu nos debates anteriores, aos quais Lula
não compareceu, Alckmin não
pretende deixar para Heloísa
Helena (PSOL) o posto de principal adversária de Lula no
campo da ética e da moral.
O candidato do PSDB também sabe que será atacado pela
candidata do PSOL, ainda que
em menor intensidade. Ontem,
Alckmin se preparou para o debate no final da tarde e no início
da noite com Gonzalez e parte
de sua equipe. Entre as respostas "ensaiadas" estavam temas
como violência em São Paulo e
o rombo nas contas do Estado.
Texto Anterior: Eleições 2006/Reta final: Lula ainda avalia os riscos e só decide hoje se irá ao debate Próximo Texto: Eleições 2006/Crise do Dossiê: Pedido de prisão é "jogada política", diz Lula Índice
|