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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Pedido de prisão é "jogada política", diz Lula
Presidente critica Ministério Público por ter solicitado a prisão de petistas envolvidos na compra do dossiê contra tucanos
Petista diz crer que houve
"precipitação nos fatos" e
que estrago maior pode ser
para "quem está pedindo
a prisão dessas pessoas"
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem de
"jogada política" o fato de a Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal, ter decretado a prisão de seis petistas
envolvidos na compra do dossiê contra os tucanos.
Lula atacou o Ministério Público e a Justiça Federal ao responder sobre um eventual estrago da crise em sua candidatura. "Eu às vezes me pergunto
se o estrago será para o candidato Lula ou se o estrago será
para quem está pedindo a prisão dessas pessoas. Porque a
impressão que eu tenho é que
há precipitação nos fatos."
Lula disse que os envolvidos,
a quem já chamou de "aloprados", já prestaram depoimento
à Polícia Federal e cumpriram
o que a lei determina. "As pessoas estão aguardando agora o
julgamento do juiz. A impressão que eu tenho é que há jogada política nesse pedaço aí",
disse ao "Jornal da Record".
O petista prosseguiu: "A pessoa que pediu a prisão sabe que
durante esses dias de eleição as
pessoas não podem ser presas.
Eu, como leitor, vendo a imprensa, fico pensando que tem
alguma jogada política nesse
negócio aí", repetiu Lula.
Anteontem, a Justiça Federal decretou as prisões de Gedimar Passos, Valdebran Padilha,
Expedito Veloso, Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e Freud
Godoy. Pelo fato de a Justiça
impedir prisões a menos de
cinco dias das eleições, a não
ser em flagrante, nenhum deles
foi detido pela Polícia Federal.
Sobre os petistas, enalteceu
suas "histórias". "Uma coisa
precisa ficar clara. Essas pessoas que vieram trabalhar comigo, vieram trabalhar pelo seu
passado, eram pessoas que têm
história neste país, junto ao
movimento sindical, ao movimento social. Se, ao entrarem
no governo, essas pessoas cometeram erros, essas pessoas
pagarão por esse erro."
Em entrevista à Record, Lula
tratou de acusar seus antecessores como os responsáveis pela origem de todos os escândalos que vieram à tona na gestão
petista. "Todos esses casos começaram antes de 2000. O lixo
estava embaixo do tapete."
O candidato petista à reeleição também acusou nominalmente o ex-ministro tucano da
Saúde Barjas Negri, sucessor de
José Serra na pasta, de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. "A essência é que o
Barjas Negri, que hoje é prefeito de Piracicaba, era o secretário-executivo e assumiu o ministério. E está envolvido nisso.
E, quando as pessoas falam o
nome dele, não falam Barjas
Negri do PSDB. Agora quando
tem alguém do PT, é do PT."
Em relação a Geraldo Alckmin, presidenciável tucano,
Lula usou os termos "pena" e
"sandice". O candidato respondeu à declaração dada pelo tucano de que o presidente boliviano, Evo Morales, "manda"
em Lula. "Eu fico com pena de
um homem que quer ser candidato a presidente da República
diga uma sandice dessas."
Ao final, num estilo bate-pronto entre entrevistadores e
entrevistado, Lula foi questionado sobre sua opinião de diferentes personalidades. Sobre o
ex-presidente FHC, disse: "Pra
mim, uma decepção". Acerca
do senador baiano Antonio
Carlos Magalhães (PFL), respondeu: "Sem comentários".
Lula evitou defender o presidente do PT, deputado Ricardo
Berzoini: elogiou a atuação dele
quando foi sindicalista e ministro, mas afirmou: "Se cometeu
um erro agora, pagará".
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