São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Pedido de prisão é "jogada política", diz Lula

Presidente critica Ministério Público por ter solicitado a prisão de petistas envolvidos na compra do dossiê contra tucanos

Petista diz crer que houve "precipitação nos fatos" e que estrago maior pode ser para "quem está pedindo a prisão dessas pessoas"


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem de "jogada política" o fato de a Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal, ter decretado a prisão de seis petistas envolvidos na compra do dossiê contra os tucanos.
Lula atacou o Ministério Público e a Justiça Federal ao responder sobre um eventual estrago da crise em sua candidatura. "Eu às vezes me pergunto se o estrago será para o candidato Lula ou se o estrago será para quem está pedindo a prisão dessas pessoas. Porque a impressão que eu tenho é que há precipitação nos fatos."
Lula disse que os envolvidos, a quem já chamou de "aloprados", já prestaram depoimento à Polícia Federal e cumpriram o que a lei determina. "As pessoas estão aguardando agora o julgamento do juiz. A impressão que eu tenho é que há jogada política nesse pedaço aí", disse ao "Jornal da Record".
O petista prosseguiu: "A pessoa que pediu a prisão sabe que durante esses dias de eleição as pessoas não podem ser presas. Eu, como leitor, vendo a imprensa, fico pensando que tem alguma jogada política nesse negócio aí", repetiu Lula.
Anteontem, a Justiça Federal decretou as prisões de Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Expedito Veloso, Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e Freud Godoy. Pelo fato de a Justiça impedir prisões a menos de cinco dias das eleições, a não ser em flagrante, nenhum deles foi detido pela Polícia Federal.
Sobre os petistas, enalteceu suas "histórias". "Uma coisa precisa ficar clara. Essas pessoas que vieram trabalhar comigo, vieram trabalhar pelo seu passado, eram pessoas que têm história neste país, junto ao movimento sindical, ao movimento social. Se, ao entrarem no governo, essas pessoas cometeram erros, essas pessoas pagarão por esse erro."
Em entrevista à Record, Lula tratou de acusar seus antecessores como os responsáveis pela origem de todos os escândalos que vieram à tona na gestão petista. "Todos esses casos começaram antes de 2000. O lixo estava embaixo do tapete."
O candidato petista à reeleição também acusou nominalmente o ex-ministro tucano da Saúde Barjas Negri, sucessor de José Serra na pasta, de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. "A essência é que o Barjas Negri, que hoje é prefeito de Piracicaba, era o secretário-executivo e assumiu o ministério. E está envolvido nisso. E, quando as pessoas falam o nome dele, não falam Barjas Negri do PSDB. Agora quando tem alguém do PT, é do PT."
Em relação a Geraldo Alckmin, presidenciável tucano, Lula usou os termos "pena" e "sandice". O candidato respondeu à declaração dada pelo tucano de que o presidente boliviano, Evo Morales, "manda" em Lula. "Eu fico com pena de um homem que quer ser candidato a presidente da República diga uma sandice dessas."
Ao final, num estilo bate-pronto entre entrevistadores e entrevistado, Lula foi questionado sobre sua opinião de diferentes personalidades. Sobre o ex-presidente FHC, disse: "Pra mim, uma decepção". Acerca do senador baiano Antonio Carlos Magalhães (PFL), respondeu: "Sem comentários".
Lula evitou defender o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini: elogiou a atuação dele quando foi sindicalista e ministro, mas afirmou: "Se cometeu um erro agora, pagará".


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