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Berzoini rompe silêncio e critica responsáveis por caso do dossiê
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua primeira entrevista
desde que foi afastado da coordenação geral da campanha de
Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fez uma crítica aos responsáveis pela desastrada tentativa
de divulgação de um dossiê
contra líderes tucanos. Sem citar nomes, disse que eles precisam "pensar no que fizeram".
Berzoini também afirmou
que não tem apego ao cargo.
Reclamou ainda de estar sendo
"fuzilado" pela imprensa. Sobre as críticas de Lula, declarou
que frases do presidente-candidato condenando o episódio foram distorcidas.
"Essas pessoas [participantes da operação] têm uma reflexão a fazer. Todos eles têm história política e precisam agora
pensar no que fizeram", declarou Berzoini. Apesar do tom de
condenação, o presidente do
PT assegurou que não guarda
mágoas. Também não quis responder se ele próprio deveria
fazer algum tipo de reflexão.
Desde que o caso veio à tona,
Berzoini sustenta que não tinha conhecimento do dossiê
montado pelo "núcleo de análise de risco e mídia" da campanha, eufemismo para a divisão
de inteligência do comitê que
coordenava.
Participaram da operação
Jorge Lorenzetti (professor
universitário e dublê de churrasqueiro catarinense), Oswaldo Bargas (metalúrgico, amigo
de Lula há 30 anos), Expedito
Veloso (ex-diretor do Banco do
Brasil) e Gedimar Passos (um
ex-policial contratado pela
campanha).
Berzoini afirmou que não dá
importância a tais especulações. "Eu não tenho apego nem
desapego ao cargo. Não estou
grudado a essa cadeira [de presidente]. Fico até quando o PT
quiser", disse. Mas demonstrou
que, ao menos por ora, não pretende se afastar do cargo, para o
qual foi eleito pelo voto direto
dos militantes no ano passado.
"Continuo exercendo as minhas responsabilidades como
presidente."
Impacto na campanha
Candidato a deputado federal pelo PT paulista, reconheceu que o episódio "causa impacto" em sua campanha individual. Demonstrou especial irritação com a imprensa, que teria desvirtuado o sentido da já
famosa declaração de Lula de
que os responsáveis pela operação eram "aloprados", todos
contratados por Berzoini.
"O presidente não quis dizer
isso, basta ler a declaração inteira. Estou acostumado com
isso. A mídia quis dar a manchete. É esta a maneira como a
mídia se comporta historicamente nesse país, não é de hoje." A imprensa, de acordo com
o presidente do PT, já fez dele
um juízo instantâneo. "A imprensa me investigou, sentenciou, condenou e fuzilou", afirmou Berzoini.
O presidente do PT acusou a
Folha de estar torcendo pela
vitória de Alckmin. "Podem
torcer à vontade, mas vocês vão
perder essa eleição."
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