|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
Banco Sofisa, de SP, recebeu dólares do PT
Parte dos US$ 248,8 mil entrou legalmente no Brasil pela instituição e seguiu para casas de câmbio e pessoas físicas
Banco diz que operação foi registrada no BC; Justiça quebra sigilo bancário de agências do BankBoston,
do Safra e do Bradesco
SHEILA D'AMORIM
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parte dos US$ 248,8 mil usados na negociação do dossiê
contra tucanos entrou legalmente no Brasil por meio do
banco Sofisa. De lá saiu para
instituições que negociam
moeda estrangeira, como casas
de câmbio, e também para pessoas físicas.
A operação legal se restringe
a US$ 110 mil, o montante de
notas de dólares que foi possível rastrear, com a colaboração
de autoridades norte-americanas, porque estavam seriadas.
Fazem parte de um lote emitido pela casa da moeda dos EUA
em abril deste ano. Não há, por
ora, informação sobre a origem
do restante do dinheiro em
moeda estrangeira usado pelos
petistas na negociação.
O Sofisa é uma instituição de
médio porte, fundada em 1961,
tem sede na alameda Santos em
São Paulo e duas subsidiárias
no exterior. Uma delas, o Sofisa
Bank, na Flórida, e a outra, o
Sofisa Bank Limited, em Saint
John"s, em Antígua. A origem
da operação financeira que
aportou os dólares suspeitos no
Brasil é Miami, na Flórida.
Até 1990, o foco do Sofisa,
que tem atuação regional, era o
crédito e financiamento para
pessoas físicas. A partir daí, ampliou suas atividades, atendendo também o setor empresarial. Desde novembro de 1993,
tem autorização do Banco Central para operar com câmbio.
Segundo a assessoria da instituição, não há nenhuma ilegalidade na operação que permitiu o ingresso dos dólares no
país e tudo está devidamente
registrado no sistema do BC.
"Todas as operações com
moeda estrangeira realizadas
pelo banco são registradas no
Banco Central e identificadas
obedecendo todas as prescrições legais. Tais recursos são
transacionados com outras instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central", informa em uma nota.
O Sofisa alega que, por exigência legal de manter o sigilo
de suas operações, não pode informar o destino dos recursos.
A Folha apurou que o dinheiro foi repassado a corretoras de câmbio, que também estariam autorizadas a negociar
moeda estrangeira no país.
O registro de todas as operação teria sido feito no sistema
do BC, como determinam as
regras em vigor. Como as corretoras também são obrigadas
a identificar para onde vão os
dólares que saem do caixa delas, a informações dos sacadores finais também constariam
dos registros do banco e do BC.
Há uma semana, a PF
apreendeu R$ 1,75 milhão em
poder de Valdebran Padilha e
Gedimar Passos, que estavam
hospedados no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo. Parte do
montante estava em dólares,
cujo rastreamento é o caminho
mais curto, até o momento, para a PF chegar aos donos do dinheiro que financiou, para os
petistas, a aquisição do dossiê
montado pela família Vedoin,
que protagonizou o escândalo
dos sanguessugas.
Valdebran, empresário em
Mato Grosso, era o emissário
dos Vedoin. Gedimar, ex-agente da PF, representava o PT na
negociação. Seria o responsável
por fazer o pagamento.
Além dos dólares seriados, é
preciso identificar a origem do
R$ 1,168 milhão que também
estava com Passos e Padilha.
Até agora, pouco se sabe sobre
os reais apreendidos, somente
que R$ 25 mil foram sacados
em três agências bancárias em
São Paulo dos bancos Bradesco, Safra e BankBoston.
Ontem, a Polícia Federal pediu e a Justiça Federal de Cuiabá autorizou a quebra de sigilo
bancário de algumas agências
bancárias, que, segundo o órgão, podem ter sido de onde os
petistas sacaram os reais. A Folha apurou que, entre essas
agências, estão as do BankBoston (atualmente comprado pelo Itaú), Safra e Bradesco.
Colaborou a Agência Folha, em Cuiabá
Texto Anterior: Advogados vão recorrer da ordem de prisão ao TRF Próximo Texto: PSDB e PFL suspeitam do Banco Central Índice
|