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ELEIÇÕES 2006 / PARANÁ
Campanha de Requião quer quebrar sigilo de jornalistas
Coligação também pede quebra do sigilo dos promotores que atuam na investigação
Em nota, ANJ afirmou que
pedido "demonstra vocação
autoritária e falta de
espírito democrático"
do governador Requião
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A coordenação jurídica da
campanha de reeleição do governador licenciado do Paraná,
Roberto Requião (PMDB), reapresentou ontem no Ministério Público do Estado um pedido de providências que inclui a
quebra de sigilo telefônico de
quatro jornalistas, para apurar
possível vazamento de informações da investigação sobre o
chamado caso Rasera.
O policial civil e ex-assessor
do governo do Paraná Délcio
Augusto Rasera, que está preso,
é acusado de comandar uma
quadrilha de arapongas que se
valia de grampos telefônicos na
espionagem. Até ser preso, ele
trabalhava no Palácio Iguaçu.
O pedido foi protocolado na
Corregedoria Geral do Ministério Público do Estado e também pleiteia quebra de sigilo
dos promotores e policiais que
atuam na investigação, centralizada na PIC (Promotoria de
Investigações Criminais).
Por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público, o
corregedor-chefe, Ernani de
Souza Cubas Filho, informou
que só fará uma análise do pedido hoje. Apesar de divulgar
anteontem que reapresentaria
o pedido na Corregedoria, a
coordenação jurídica da coligação que tem o PMDB à frente só
cumpriu as exigências do órgão
no final da tarde de ontem.
O objetivo dos advogados da
coligação pró-Requião é chegar
às fontes das informações trazidas nas reportagens sobre o
caso. De forma velada, os advogados atribuem o vazamento
aos promotores da PIC. Eles
consideram ""crime" o vazamento de informações da investigação, devido à proteção
do segredo de Justiça.
A repórter da Folha em Curitiba, Mari Tortato, e os jornalistas da "Gazeta do Povo" Caio
Castro Lima, Carlos Kohlbach
e Celso Nascimento são relacionados no pedido. A primeira
investida do PMDB na Corregedoria se deu sexta passada.
Mas o corregedor exigiu procuração da Coligação Paraná Forte para o advogado Cezar
Eduardo Ziliotto, que assina o
pedido, antes de analisá-lo.
No último sábado, os advogados de Requião também tentaram no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) obter uma liminar para impedir a publicação
de uma reportagem da Folha
sobre o caso, ainda em apuração. O juiz Munir Abagge negou. Disse que, se acolhesse, estaria cometendo ""gritante censura prévia" e atentando contra a liberdade de imprensa.
Hoje, a PIC envia ao TRE cópias do inquérito do caso Rasera. Há indícios de que os grampos alcançaram políticos que
disputam esta eleição. O juiz
criminal Gaspar Luiz Mattos
de Araujo Filho, de Campo
Largo, na região de Curitiba
-onde corre a ação contra a
quadrilha de arapongas-, define até o final da tarde de hoje se
acata a denúncia contra o ex-assessor e mais 19 envolvidos.
""Não queremos saber sobre
o que conversam os jornalistas,
só identificar eventualmente o
servidor público responsável
por vazar documentos sigilosos", disse ontem um dos advogados que representam Requião, Guilherme Gonçalves.
Disse não reconhecer no pedido violação do direito constitucional do jornalista de manter a fonte sob sigilo.
No editorial "O direito de saber", publicado na edição de
ontem, a Folha afirma "que fica patente a tentativa do candidato do PMDB, acuado por suspeitas que rondam a sua administração, de constranger o livre exercício do jornalismo".
Em nota anteontem, a ANJ
(Associação Nacional de Jornais) disse que o pedido da coligação de Requião "demonstra
vocação autoritária e falta de
espírito democrático".
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