São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Velha prática
O PT começará a trabalhar já nesta semana para tentar incluir no Orçamento de 2003 um fundo de R$ 2 bilhões destinado ao pagamento de emendas de parlamentares. A verba não está prevista na proposta enviada por FHC ao Congresso.

Agora é bom
A criação do fundo, que destinaria recursos a projetos de interesse de deputados e senadores em suas bases, é considerada necessária pela cúpula do PT para que Lula obtenha a maioria dos votos no Congresso para aprovar como quer o Orçamento.

Cada centavo
A fim de conseguir recursos para as emendas parlamentares, o PT deverá propor a manutenção da alíquota de 9% da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que era de 8% até 2000. Essa taxa extra gera uma arrecadação anual de R$ 1,1 bi.

Opinião antiga
Grande parte do PT sempre foi notoriamente contrária à existência de emendas parlamentares. José Genoino costuma dizer que se orgulha do fato de nunca ter apresentado emendas em seus 20 anos como deputado.

Pauta de esquerda
Prevendo um embate com a equipe de transição de Lula já na discussão do Orçamento no Congresso, a esquerda do PT começou a levantar nos arquivos declarações do presidente eleito e dos principais dirigentes do partido sobre três grandes temas: salário mínimo, superávit fiscal e aumento de servidor.

Balanço
A idéia de líderes da esquerda do PT é confrontar o posicionamento atual dos dirigentes petistas com as declarações da época em que pertenciam à oposição. A fim de fazer o seguinte questionamento: fazíamos uma oposição inconsequente a FHC?

Faixa de segurança
As tendências de esquerda no PT se reunirão nos próximos dias a fim de estabelecer pontos negociáveis e inegociáveis no trato com o governo Lula.

Breve retorno
O coordenador da campanha de Serra, Roberto Vieira da Costa, voltará para o mesmo lugar de onde saiu: Secretaria de Comunicação da Presidência. Até dezembro, obviamente.

Bancada petista
A eleição de Lula dá início a uma guerra surda no meio jurídico que só acabará em 2 de maio. O motivo é forte: de 16 de abril até lá, Lula terá de nomear três ministros do STF. Juízes acham que o petista escolherá pelo menos um integrante do Ministério Público Federal.

Calmante para todos
A piada circulava ontem pelo PT: Lula precisa divulgar imediatamente sua equipe econômica. Mais do que acalmar o mercado financeiro, o presidente eleito precisa acalmar o (Aloizio) Mercadante, que não pensa em outra coisa desde que venceu a disputa para o Senado.

Confirmação material
Frei Betto ligou ontem de manhã para Lula. Emocionado, o petista não parava de repetir: "Ainda não acredito". À tarde, o escritor o presenteou com 150 cartões de visita em tamanho grande (tipo cartão-postal). Sob o nome de Lula, estava escrito "presidente eleito do Brasil".

Mal na foto
Tarso Genro entrou na "geladeira" petista após a derrota de ontem para Germano Rigotto (PMDB) no Rio Grande do Sul. A cúpula do PT avalia que o gaúcho deu discurso aos adversários ao enfrentar (e vencer) nas prévias o atual governador, Olívio Dutra. Dificilmente Tarso terá cargo no governo Lula.

Falha mecânica
Panfleto distribuído pelo comitê "Roriz-Lula" no DF orientava ontem o eleitor a votar primeiro no 13 para presidente e depois no 15 para governador. Detalhe: na urna, o primeiro voto era para governador. Quem seguiu o conselho do papel, acabou teclando o número de Magela (PT), adversário de Roriz.

TIROTEIO

Do presidente do PSDB-SP, Edson Aparecido, sobre sua expectativa em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva:
- Sinceramente, acho que é uma verdadeira temeridade. Mas vamos torcer...

CONTRAPONTO

Uma boa notícia

O candidato derrotado do PSDB à sucessão presidencial, José Serra (PSDB-SP), fez uma caminhada no último sábado pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ao lado do governador paulista e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB).
No caminho, os dois cumprimentaram adultos e beijaram crianças. Pararam para comprar água de coco de um vendedor na calçada. Serra aproveitou para puxar conversa com um garoto que se aproximara.
- Para que time você torce? - perguntou o senador.
- São Paulo - respondeu o menino.
A 24 horas da eleição, com as pesquisas indicando sua derrota por larga vantagem, Serra, palmeirense roxo, ainda fez piada sobre o fato de o menino não torcer para o Corinthians, rival histórico de seu time:
- Para o São Paulo? Tudo bem, podia ser pior...


Próximo Texto: Brasil profundo: Auditoria aponta falhas no programa Saúde da Família
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.