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GOVERNO
Em agosto, mais da metade das ações tinha execução abaixo dos 20%
Plano de direitos humanos tem baixo repasse de verba
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Lançada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em
maio deste ano, a segunda versão
do Plano Nacional de Direitos
Humanos apresenta baixo repasse financeiro para alguns projetos, apesar de estar inchada com
programas antigos e de outras
áreas. A maior "ação" em valores
absolutos -R$ 5,2 bilhões- é o
seguro-desemprego.
O plano é constituído de 141
"ações" que já constavam do Orçamento da União deste ano, não
apresentando novidade. A média
de execução -55%- é elevada
por 23 ações que somam R$ 24 bilhões dos R$ 35 bilhões previstos
no total para o plano nacional. O
seguro-desemprego, por exemplo, tem execução de 84%.
Estão ainda incluídos no plano
R$ 997 milhões relativos à assistência médica e odontológica de
servidores, R$ 1,8 bilhão do programa Bolsa-Escola, R$ 2,4 bilhões do salário-educação e R$ 4,9
bilhões destinados ao refinanciamento da dívida pública externa
decorrentes de acordos de reestruturação. Mais R$ 3,2 bilhões
foram destinados ao atendimento
assistencial do programa Piso de
Atenção Básica, baseado na expansão do Programa Saúde da
Família, iniciado em 1991.
Até o dinheiro para a compra de
ambulâncias (R$ 111 milhões) e
veículos para transporte escolar
(R$ 114 milhões) está incluído no
Plano de Direitos Humanos. Mais
R$ 797 milhões estão destinados à
concessão de crédito para compra
de terras e imóveis rurais, por intermédio do Banco da Terra.
Os dados sobre a execução financeira do plano vêm sendo
apurados no Siafi (sistema que registra os gastos do governo) pelo
gabinete do deputado Agnelo
Queiroz (PC do B-DF). Em agosto, 76 ações tinham execução inferior a 20%, sendo que 22 delas não
haviam saído do papel.
O deputado acrescenta que várias ações anunciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso foram por ele mesmo "contingenciadas" (tiveram a execução
suspensa) no dia seguinte, em decorrência dos decretos que impuseram cortes ao Orçamento.
Queiroz aponta como principal
motivo para a "execução pífia" do
plano justamente o contingenciamento dos recursos orçamentários para atender o superávit primário acordado com o FMI (Fundo Monetário Internacional)
-3,88% do PIB neste ano.
Dos projetos relacionados diretamente a direitos humanos, a
maioria teve execução mínima. A
implantação de centros integrados de cidadania recebeu até agora 0,01% do orçamento previsto
-R$ 16,2 milhões. A verba para
construção, reforma e modernização de presídios e de unidades
de atendimento a adolescentes infratores totaliza R$ 277 milhões,
mas só foram liberados R$ 33,7
milhões até o dia 21 deste mês.
A capacitação de agentes responsáveis pela custódia de presos
deveria receber R$ 5,2 milhões,
mas teve R$ 12 mil -0,25% do
previsto. Os projetos de melhoria
de sistemas de tratamento de
água, esgoto sanitário e lixo têm
orçamento de R$ 995 milhões,
mas só receberam R$ 14,8 milhões
até este mês -1,5% do previsto.
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