|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FHC telefona e cumprimenta Lula
EM SÃO PAULO
O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou ontem
mesmo, por volta das 23h45, para
cumprimentar o seu sucessor
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva,
do PT, e confirmar o encontro dos
dois para amanhã, em Brasília.
FHC parabenizou o eleito e desejou boa sorte para ele e também
para sua mulher, Marisa. Lula
agradeceu e informou que Frei
Chico, seu irmão, estava naquele
momento a seu lado. FHC, que
conheceu Frei Chico na década de
70 -época de efervescência política no ABC paulista-, mandou-lhe um abraço.
Após votar ontem à tarde em
São Paulo, FHC disse que a população está dando uma prova de
"vitalidade democrática" ao votar
em seu adversário político sem,
no entanto, demonstrar "sinais de
insatisfação" dirigidos a ele.
"Sinto-me reconfortado por ver
que em São Paulo, como no resto
do Brasil, o ambiente é descontraído e é, até mesmo para com o
presidente da República, um ambiente de generosidade", afirmou.
"Por todos os lados em que andei em São Paulo não recebi sinais
de insatisfação com o que está
acontecendo, como uma prova da
vitalidade democrática."
O "reconforto" de FHC se deve
à preocupação de que uma vitória
do PT seja interpretada como reprovação de seu governo ou um
desejo de ruptura com sua gestão.
Depois da votação -FHC demorou dez segundos para votar
para presidente e governador- e
do breve pronunciamento, o presidente foi saudado por cerca de
150 militantes do PSDB e por curiosos na saída do colégio Professor Alberto Levy, na avenida Indianópolis, zona sul de São Paulo,
que gritaram "fica, fica, fica".
Os militantes colocaram cerca
de 50 faixas no trajeto entre a casa
do presidente e o local de votação,
com elogios do tipo "FHC é 100%
democracia".
Antecipando o virtual posicionamento do PSDB na oposição a
um governo petista, FHC disse
que a sociedade avançou e hoje é
capaz de conciliar a pressão política e social com respeito aos
"vencidos e vencedores".
"O país avançou bastante, sobretudo na sua capacidade de
mobilização. Hoje não são só os
partidos, mas a sociedade inteira
é organizada, capaz de pressionar, de dizer o que deseja, mas sobretudo de respeitar: respeitar a
lei, vencidos e vencedores juntos,
naquilo que é interesse nacional."
Patriotas
O presidente aproveitou a oportunidade para reforçar que a fase
de transição será tranquila. Para
isso, disse que tanto Lula quanto
José Serra, o candidato derrotado,
são "patriotas" e responsáveis,
que trabalharão pelo crescimento
do país.
"Eu tenho sim a convicção de
que se trata de uma disputa entre
patriotas, entre pessoas que têm
senso de responsabilidade e que
farão o melhor para que o Brasil
continue num caminho de crescimento da sociedade e, o quanto
for possível, de sua economia e de
suas instituições, levando adiante
um esforço que nós fizemos nestes oito anos", disse.
FHC afirmou ainda que o Brasil
hoje tem força para enfrentar as
crises internacionais e deve se orgulhar porque "não é mais o país
que foi em outras épocas, que se
intimidava diante dos desafios internacionais".
(LS)
Texto Anterior: Hegemonia ameaçada: Núcleo paulista do PSDB se rearticula Próximo Texto: Para Aécio, PSDB deve ser humilde Índice
|