São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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FHC telefona e cumprimenta Lula

EM SÃO PAULO


O presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou ontem mesmo, por volta das 23h45, para cumprimentar o seu sucessor eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e confirmar o encontro dos dois para amanhã, em Brasília.
FHC parabenizou o eleito e desejou boa sorte para ele e também para sua mulher, Marisa. Lula agradeceu e informou que Frei Chico, seu irmão, estava naquele momento a seu lado. FHC, que conheceu Frei Chico na década de 70 -época de efervescência política no ABC paulista-, mandou-lhe um abraço.
Após votar ontem à tarde em São Paulo, FHC disse que a população está dando uma prova de "vitalidade democrática" ao votar em seu adversário político sem, no entanto, demonstrar "sinais de insatisfação" dirigidos a ele.
"Sinto-me reconfortado por ver que em São Paulo, como no resto do Brasil, o ambiente é descontraído e é, até mesmo para com o presidente da República, um ambiente de generosidade", afirmou.
"Por todos os lados em que andei em São Paulo não recebi sinais de insatisfação com o que está acontecendo, como uma prova da vitalidade democrática."
O "reconforto" de FHC se deve à preocupação de que uma vitória do PT seja interpretada como reprovação de seu governo ou um desejo de ruptura com sua gestão.
Depois da votação -FHC demorou dez segundos para votar para presidente e governador- e do breve pronunciamento, o presidente foi saudado por cerca de 150 militantes do PSDB e por curiosos na saída do colégio Professor Alberto Levy, na avenida Indianópolis, zona sul de São Paulo, que gritaram "fica, fica, fica".
Os militantes colocaram cerca de 50 faixas no trajeto entre a casa do presidente e o local de votação, com elogios do tipo "FHC é 100% democracia".
Antecipando o virtual posicionamento do PSDB na oposição a um governo petista, FHC disse que a sociedade avançou e hoje é capaz de conciliar a pressão política e social com respeito aos "vencidos e vencedores".
"O país avançou bastante, sobretudo na sua capacidade de mobilização. Hoje não são só os partidos, mas a sociedade inteira é organizada, capaz de pressionar, de dizer o que deseja, mas sobretudo de respeitar: respeitar a lei, vencidos e vencedores juntos, naquilo que é interesse nacional."

Patriotas
O presidente aproveitou a oportunidade para reforçar que a fase de transição será tranquila. Para isso, disse que tanto Lula quanto José Serra, o candidato derrotado, são "patriotas" e responsáveis, que trabalharão pelo crescimento do país.
"Eu tenho sim a convicção de que se trata de uma disputa entre patriotas, entre pessoas que têm senso de responsabilidade e que farão o melhor para que o Brasil continue num caminho de crescimento da sociedade e, o quanto for possível, de sua economia e de suas instituições, levando adiante um esforço que nós fizemos nestes oito anos", disse.
FHC afirmou ainda que o Brasil hoje tem força para enfrentar as crises internacionais e deve se orgulhar porque "não é mais o país que foi em outras épocas, que se intimidava diante dos desafios internacionais". (LS)


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