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INTERNACIONAL
INTEGRAÇÃO Presidente venezuelano afirma que vitória petista representa "um impulso libertário" no continente e critica o uso de seu nome nas disputas eleitorais no Brasil e no Equador
Lula iniciará "eixo do bem", diz Chávez
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) representa "um impulso libertário" no continente e
abre caminho para a formação de
um "eixo do bem" na região.
Em seu programa dominical,
"Alô Presidente", Chávez criticou
ainda o uso de seu nome nas disputas eleitorais no Brasil e no
Equador, onde os opositores de
Lula e do ex-coronel Lúcio Gutiérrez os acusaram de pertencer
ao mesmo projeto "castrocomunista" que estaria sendo adotado
na Venezuela. "Usaram meu nome para prejudicar Lula, disse
Chávez.
No Equador, o coronel reformado Lúcio Gutiérrez (esquerdista)
disputa com o milionário Álvaro
Noboa o segundo turno da eleição
presidencial em 24 de novembro.
Gutiérrez tem sido chamado na
campanha de "Hugo Chávez do
Equador".
O presidente venezuelano afirmou ainda que os triunfos eleitorais de Lula e de Gutierrez fortalecem a democracia e representam
"povos buscando suas próprias
raízes".
Chávez está sob pressão intensa
das oposições para que renuncie.
Desde terça-feira passada, um
grupo de militares que promoveu
o golpe de abril passado contra
Chávez faz vigília numa praça de
Caracas para exigir sua saída.
Cautela
Nos últimos dias, Chávez e seus
principais assessores evitaram declarações que pudessem interferir
no processo eleitoral brasileiro ou
associar a polêmica figura do presidente venezuelano à de Lula.
A cautela foi adotada depois que
o embaixador da Venezuela no
Brasil, Vladimir Villegas Poljak,
divulgou uma carta criticando José Serra, candidato do PSDB à
Presidência, por comparações entre Lula e Chávez. Serra respondeu que estava sendo "patrulhado" pelo embaixador.
Em seu programa dominical de
ontem, Chávez tentou conciliar a
cautela à uma análise regional da
vitória de Lula. "Não devo me intrometer nem opinar sobre o processo interno de outros países,
mas está claro que votamos pela
democracia e pela união no Brasil,
que são parte do enfoque do projeto bolivariano", afirmou, numa
referência a Simón Bolívar, personagem histórico a partir do qual o
presidente venezuelano formula
seus discursos e projetos.
Chávez ironizou acusações de
setores ultraconservadores americanos segundo os quais Lula e
Gutiérrez somariam-se a ele e a
Fidel Castro para formar um segundo "eixo do mal" no mundo.
"Não seria [um eixo] do mal, mas
do bem, o eixo dos povos, o eixo
do futuro", afirmou.
No entanto, o presidente Venezuelano aconselhou seus críticos a
não compararem países e líderes
diferentes. "Eles têm dito que
quero montar um modelo castrocomunista, utilizando [o exemplo
de] Fidel. Mas é preciso entender
o exemplo de Cuba por meio do
estudo da época, não com essas
teses peregrinas. Agarraram essas
coisas do ar [para me criticar].
Agora, estão usando isso para criticar Lula."
Nas últimas semanas, Chávez
tem tentado aproximar-se da Casa Branca para anular as ligações
de suas oposições com setores do
governo americano.
Além de oferecer petróleo em
quantidade ilimitada caso os EUA
invadam o Iraque, Chávez moderou seu discurso. Em caso de uma
guerra com o Iraque, a queda na
oferta mundial de petróleo poderia levar a economia americana a
uma recessão.
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