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Governador reeleito afirma que não fará oposição sistemática ao novo presidente, mas PSDB planeja obrigar petista a negociar
Vitorioso, Alckmin quer tirar Lula do palanque
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A vitória de Geraldo Alckmin
(PSDB) em São Paulo, o principal
Estado da União, será utilizada
pelos tucanos para tentar tirar
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do
palanque e obrigá-lo a negociar
com o partido de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
Reeleito, Alckmin afirmou ontem que está disposto a colaborar
com o governo de Lula, mas somente naquilo que os tucanos
acharem bom para país.
""São Paulo jamais virará as costas para o Brasil. Nosso Estado
sempre foi pautado pela responsabilidade. São Paulo vai ajudar o
Brasil", disse o governador à noite, na sede estadual do PSDB, na
região dos Jardins, na capital.
A declaração faz parte da estratégia tucana de "tentar obrigar
Lula a descer do palanque" -nas
palavras de um dos líderes do
PSDB- e procurar um diálogo
com o governador reeleito. "O
que for bom para o país terá nossa
colaboração", disse Alckmin.
A vitória sobre o petista José Genoino no principal Estado da nação foi comemorada com entusiasmo. Para os líderes tucanos,
ela é prova de que ""São Paulo não
se curvou à onda Lula".
Com mais de 95% das urnas
apuradas até a conclusão desta
edição, Alckmin havia obtido
mais votos do que o presidenciável Lula no Estado. O tucano tinha
11.792.300 contra 11.022.793 do
presidente eleito petista.
Embasado por essa votação, o
PSDB espera que Lula tome a iniciativa de abrir negociação. "O
governador está disposto a jogar o
peso de São Paulo para ajudar o
Brasil. Teve uma votação expressiva e tem respaldo para negociar", disse Edson Aparecido, presidente estadual do PSDB.
Em pelo menos dois importantes projetos Alckmin necessitará
de um bom relacionamento com
o presidente eleito: a ampliação
do Metrô e a construção de novos
trechos do Rodoanel.
Nessas duas obras, prioritárias
para os tucanos, a União deve
participar financeiramente.
Os planos de expansão da liderança de Alckmin para fora de
São Paulo em boa parte dependem do sucesso do governador
dentro do Estado.
Assim, argumentam os tucanos,
uma oposição sistemática a Lula
só poderia trazer dificuldades,
principalmente nos dois primeiros anos dos novos governos.
A oposição aos petistas em São
Paulo, de acordo com Aparecido,
será feita pelo PSDB, não pelo governador. "O partido, em suas
propostas, irá manter uma distância crítica da esfera federal,
mas o Palácio dos Bandeirantes
trabalhará pelo Estado."
Rumo ao Planalto
Acompanhado do presidente
nacional do PSDB, José Aníbal, de
Aparecido, e de sua família o governador foi recebido aos gritos
de "um, dois, três, quatro, cinco,
mil, queremos o Geraldo presidente do Brasil".
Serra também foi ao diretório e
participou da festa que, a poucos
metros da avenida Paulista, onde
o PT fazia sua comemoração,
transformou-se em uma espécie
de desagravo tucano.
Em discurso rápido, ele agradeceu aos eleitores e parabenizou o
presidente Fernando Henrique
Cardoso pela postura de "chefe de
Estado" e Lula pela vitória. Também fez elogios a José Serra
(PSDB) e a José Genoino (PT).
""Essa vitória é fruto da garra, da
luta e do entusiasmo", disse Alckmin, ao falar aos militantes sobre
a sua reeleição.
O governador foi saudado por
José Aníbal como o novo líder do
partido no Estado, mas evitou comentários sobre seu projeto político. "Cada coisa tem seu tempo.
Primeiro, vou trabalhar", disse.
Quanto ao secretariado, o governador fará mudanças, mas elas
deverão ser implementadas de
maneira lenta e gradual. Segundo
o governador, os próximos quatro anos consolidarão seu estilo.
"Os princípios e valores são os
mesmo do governo Covas. Os
projetos, nós iniciaremos uma
nova fase. Vou dar absoluta prioridade ao planejamento, especialmente o regional", disse. Alckmin
afirmou que sua prioridade será a
criação de empregos.
Cerco ao PT
Para os tucanos, a vitória foi
possível porque o PSDB conseguiu quebrar a "onda Lula" e isolar Genoino politicamente.
"Conseguimos conquistar o
apoio de partidos que estavam
com o Lula nacionalmente, como
o PPS, o PSB e parte do PDT. Isso
foi fundamental para a vitória",
disse Aparecido.
Durante a tarde, Alckmin se
reuniu no Palácio dos Bandeirantes com dois secretários e, segundo assessores, teria despachado
com eles no gabinete.
Pela manhã, antes de sair da ala
residencial do Palácio dos Bandeirantes, ele recebeu um telefonema do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Segundo sua assessoria, só trataram de "amenidades", como a
"vizinhança paulista" futura do
presidente e Alckmin.
O governador mudou a agenda
de ontem de manhã, a pedido da
coordenação da campanha do
presidenciável José Serra (PSDB).
Ao contrário do primeiro turno, quando Alckmin votou e depois acompanhou o voto de Serra, ontem o governador tomou
um café da manhã com jornalistas e seguiu para a casa do presidenciável, na zona oeste.
Depois de esperar Serra votar,
seguiram juntos ao Jóquei Clube,
onde Alckmin e parte da família
não enfrentaram fila para votar.
No primeiro turno, Alckmin esperou na fila atrás de 24 pessoas.
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