São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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DISTRITO FEDERAL

Com 98% dos votos apurados, governador tinha vantagem, mas diferença era só de 4.000 votos

Com votação indefinida, Roriz já festeja

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição, disputou voto a voto a eleição com Geraldo Magela (PT) e, com 98% dos votos apurados, tinha uma diferença de cerca de 4.000 votos sobre o petista. No primeiro turno, Roriz teve 25.585 votos a mais que Magela.
Com pouco mais de 90% das urnas apuradas, Roriz ultrapassou Magela, que saíra na frente e vinha mantendo uma diferença constante de cerca de 10 mil votos. Com mais de 92% das urnas apuradas, Magela passou Roriz por apenas 28 votos, mas depois o governador voltou à liderança.
Às 21h40, com 70% das urnas apuradas e Magela liderando com mais de 10 mil votos, Roriz abriu as portas de sua casa e anunciou para as mais de 2.000 pessoas que aguardavam na entrada que tinha vencido. Projeções do PMDB indicavam a vitória do governador.
Roriz foi carregado pela multidão para um dos cinco trios elétricos que estavam no local e discursou. O governador disse para a multidão, chorando, que foi a maior vitória em toda a sua vida pública e agradeceu a todos que ajudaram a conquistar a vitória. Roriz convidou a população para ir a sua casa novamente hoje.
Sobre o relacionamento com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, Roriz disse que vai ser um governador de conciliação. "Procurarei o Lula para lhe dizer que Brasília terá um governador que saberá respeitá-lo como presidente. Não terei a menor dificuldade em conviver com o Lula." Roriz disse que assim que o resultado oficial for promulgado, vai telefonar para Lula e depois visitá-lo.
A deputada federal eleita Maninha (PT-DF) disse que, mesmo com a vitória de Roriz, a oposição vai continuar investigando as denúncias em envolvimento de suposto esquema de grilagem de terras públicas.
A divisão de votos era evidente nas ruas de Brasília e nas cidades-satélites. Militantes do PT, com bandeiras vermelhas, e do PMDB, com bandeiras azuis, disputavam espaço nas proximidades das seções eleitorais. O reforço do policiamento de rua com tropas Exército conteve os ânimos dos militantes exaltados.
Roriz chegou às 16h20 ao local de votação, em Samambaia, cidade-satélite criada pelo governador em 1988, a partir do assentamento de migrantes sem-teto.
Um forte esquema de segurança foi montado para a chegada de Roriz: 16 policiais da Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil fizeram um corredor até a sala onde ele votou. Ao lado da escola havia 30 homens do Exército. Cerca de 50 policiais militares fizeram uma barreira para isolar petistas e peemedebistas.
Durante os 15 minutos em que permaneceu na escola, Roriz foi bastante aplaudido. Eleitores cantaram a música de sua campanha, mas poucos conseguiram se aproximar do governador por causa da segurança. Roriz levou 20 segundos para votar.
Magela votou no final da manhã e chegou ao local de votação acompanhado da mulher, Socorro Aquino, da vice, Katea Puccini, e do senador eleito Cristovam Buarque. Levou nove segundos para votar, mas ficou no local por cerca de uma hora.
Os adversários consideraram que a festa feita por cerca de cem militantes na zona eleitoral -com bandeiraço e gritos de "Fora Roriz"- infringiu a legislação e pediram a impugnação da seção onde Magela votou. Até o fechamento da edição, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) não havia decidido.
Logo depois de votar, Magela disse estar confiante na vitória e que só seria derrotado pela "fraude" e pela "irregularidade". No entanto, afirmou que, caso Roriz vença, pretende recorrer do resultado no TRE.
Segundo o TRE, 107 urnas eletrônicas e 64 impressoras foram substituídas e 36 seções utilizaram cédulas de papel. (LUIZA DAMÉ, SANDRO LIMA e FLÁVIA SANCHES)

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