São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO GRANDE DO SUL

Apesar de dar mais votos para Lula, eleitorado gaúcho escolheu para o governo candidato do PMDB

Rigotto vence Tarso em bastião do PT

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O deputado federal Germano Rigotto (PMDB), 53, elegeu-se ontem governador do Rio Grande do Sul e impôs uma das maiores derrotas eleitorais da história do PT, justamente no ano em que o petista Luiz Inácio Lula da Silva chega à Presidência da República.
Rigotto conquistou 52,67% dos votos válidos, contra 47,33% de Tarso Genro (PT), 55, que foi apoiado pelo atual governador, Olívio Dutra (PT).
""Nosso projeto significará mais desenvolvimento", afirmou Rigotto quando matematicamente atingiu a vitória.
Ele prometeu fazer no Estado um ""governo de união".
""Estou comovido e honrado com o resultado", afirmou Tarso. ""Acato de maneira humilde o resultado das urnas."
Ainda ontem, em busca de votos, o candidato do PT ao governo estadual alardeava seu vínculo com Lula, com quem conversou na rádio Guaíba.
""Pode ficar certo, Tarso, que, você eleito governador, vamos trabalhar juntos", disse Lula.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), afirmou de manhã, na rádio Gaúcha: ""É muito bom o governador poder pegar o telefone e dizer: "Como está, meu presidente?"" Rigotto protestou contra a atitude da prefeita.
O peemedebista obteve a mais ampla conquista dos três últimos pleitos gaúchos.
Em 1994, Antônio Britto, então no PMDB e hoje no PPS, bateu Olívio Dutra por 52,2% a 47,8%.
Na eleição seguinte, em 1998, Olívio levou a melhor sobre Britto, com 50,8% a 49,2%. Agora, Britto, abatido no primeiro turno, apoiou Rigotto.
Apesar da expansão do antipetismo nos quatro anos de governo Olívio, Lula venceu no Estado o presidenciável José Serra, apoiado por Rigotto, por 55,84% a 44,16% dos votos válidos.
A aparente contradição entre o resultado das eleições estadual e nacional reforça a impressão de que o desgaste da gestão de Olívio Dutra foi decisivo para a derrota do seu correligionário.
Partidos como PL, PDT e PTB, que estavam com Lula contra Serra, ficaram ao lado de Rigotto, e não de Tarso.

Pesquisas
O resultado no Rio Grande do Sul ficou bem longe do que algumas pesquisas indicavam.
O levantamento de boca-de-urna do Ibope apontou vantagem de 12 pontos dos votos válidos (56% a 44%) para Rigotto.
A projeção do Ibope divulgada anteontem no jornal ""Zero Hora" era de 16 pontos de diferença (58% a 42%).
A pesquisa publicada no dia 19 mostrava o peemedebista 24 pontos (62% a 38%) à frente.
O Cepa, instituto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, projetou no sábado, também na ""Zero Hora", nove pontos percentuais dos votos válidos de vantagem para Rigotto. Nos números revelados na quinta-feira, a diferença era de 19,2 pontos.
Na sexta, o Centro de Pesquisa Correio do Povo estimou 5,2 pontos (52,6% a 47,4%) pró-Rigotto. Com 97% da apuração, o resultado era exatamente esse.
À noite, Tarso Genro acusou a RBS, empresa que edita a ""Zero Hora" de ter ""manipulado" pesquisas para desestimular a base petista. A rádio Gaúcha, do grupo RBS, respondeu que a empresa não faz pesquisas, mas as contrata de institutos.
"A imprensa foi imparcial", disse Rigotto, ao falar como eleito.


Texto Anterior: Roraima: Governador tem reeleição praticamente assegurada
Próximo Texto: PMDB deve fazer "oposição responsável", afirma Rigotto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.