DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que há necessidade de que a Internacional Socialista "se abra" mais para os países do Terceiro Mundo.
Lula, segundo relato do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, fez a observação ao se reunir com o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki.
Ainda segundo Garcia, que relatou os encontros que o presidente manteve à tarde com líderes de partidos de esquerda e chefes de Estado, o presidente sul-africano concordou com o colega brasileiro, que visitará a África no início do próximo mês.
A manifestação do presidente faz parte da política internacional que vem sendo implementada pelo governo. Entre outros pontos, busca a aproximação com países em desenvolvimento, como Índia e China, e um fortalecimento das negociações comerciais na América do Sul.
Na avaliação do governo, essa aproximação pode representar um contrapeso importante nas negociações comerciais com os EUA e a União Européia.
De acordo com Garcia, Lula teria dado como exemplo da falta de integração entre os países africanos e o Brasil o fato de os vôos comerciais de um continente ao outro terem de passar antes por cidades da Europa.
À tarde, declarações do secretário de finanças do PT, Delúbio Soares, mostraram sintonia dentro do partido com a avaliação de Lula. Soares afirmou que a Internacional Socialista precisa se tornar "menos européia" e ter como um de seus objetivos a "integração dos países pobres".
Essa seria uma das condições, disse o secretário petista, para que a legenda se decida pela filiação à entidade.
Com representantes da Itália (Democratici di Sinistra) e da França (Partido Socialista), o presidente discutiu a posição do Brasil no encontro da Organização Mundial do Comércio em Cancún e a importância da formação do chamado G23, que reúne países em desenvolvimento.
Ainda segundo o relato de Garcia, os franceses e italianos estão compreendendo que adotar "políticas protecionistas, ainda que em um primeiro momento possa parecer defesa dos interesses nacionais, na realidade têm efeito negativo no funcionamento dos organismos multilaterais".
À noite, o presidente recebeu líderes dos partidos estrangeiros e chefes de Estado para um jantar no hotel em que parte dos participantes está hospedada. Foi servido aos presentes salada verde, robalo grelhado com creme de urucum e doces.
Estiveram com o presidente a prefeita paulistana Marta Suplicy (PT) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com o qual Lula se encontrará hoje na representação da Presidência na cidade.


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