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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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HOLOFOTE OFICIAL

Para atrair adesões, Presidência divulga nomes de parceiros

Governo oferece vitrine aos colaboradores do Fome Zero

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tática do governo federal para estimular contribuições ao Fome Zero é prometer visibilidade e "publicidade" às empresas, com divulgação dos nomes dos parceiros nos veículos oficiais de comunicação -e, principalmente, nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costumam ter ampla difusão na imprensa.
"Quando divulgamos as ações [dos empresários], isso gera uma nova ação na sociedade", afirma o assessor especial da Presidência Oded Grajew, responsável pelo contato com os empresários. A nova ação é justamente a adesão de outros empresários.
Quem participa do Fome Zero recebe o certificado de "Empresa Parceira do Programa Fome Zero". A empresa pode usar o nome do programa, a principal grife do governo na área social, para divulgar suas ações no setor.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a parte mais importante do esquema de divulgação. Ele cita nominalmente -e repete- em seus discursos as empresas e as associações que já aderiram aos programas sociais do governo. Lula tem dito publicamente estar satisfeito com a participação dos empresários nas causas sociais.
"Nunca a sociedade esteve tão ávida por participar de programas sociais. Até hoje nenhum pedido feito pelo governo foi recusado", afirmou Lula no dia da cerimônia do lançamento do Bolsa-Família, no dia 20 passado.
Grajew, que atuou em pelo menos duas campanhas eleitorais aproximando Lula do empresariado, é o mentor da estratégia. Segundo ele, está cada vez mais claro que, quando Lula cita a ação de uma empresa, está estimulando a participação de outras.
"A divulgação das carências, dos problemas, dos apoios e, posteriormente, das soluções é um estímulo poderoso para conquistar novas adesões", diz Grajew.
O exemplo mais claro dessa "cadeia" é a publicidade em torno da participação da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) no Fome Zero. A Febraban irá financiar, neste ano, a construção de 10 mil cisternas em cidades da região do semi-árido nordestino, atendidas pelo Fome Zero. O custo do projeto é de R$ 12 milhões e a meta é construir 1 milhão de cisternas em quatro anos.
A adesão da Febraban foi anunciada pelo Planalto em abril. Lula já citou a participação da federação em pelo menos dois discursos e, no próximo dia 30, deve inaugurar uma cisterna na Paraíba.
Esse não é o único caso. O presidente anunciou em Nova York, no dia 25 de setembro, a participação da Coca-Cola no programa -a empresa construirá 27 restaurantes populares.
Também elogiou em discurso a iniciativa da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) de transformar 70 mil lojas em pontos de coleta do Fome Zero.
A próxima operação de publicidade ocorrerá em torno do programa "Queroler - Biblioteca para Todos", cujo objetivo é criar bibliotecas públicas em 1.185 municípios que não dispõem desse serviço. Os outdoors da campanha publicitária -que não terá custos para o governo- têm espaço para 25 patrocinadores.

Unificação
Ontem, o governo começou a pagar o primeiro lote dos benefícios do Bolsa-Família a aproximadamente 120 mil famílias. Até o próximo dia 4, 1,2 milhão de famílias receberá o primeiro pagamento do programa.


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