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HOLOFOTE OFICIAL
Para atrair adesões, Presidência divulga nomes de parceiros
Governo oferece vitrine aos colaboradores do Fome Zero
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tática do governo federal para
estimular contribuições ao Fome
Zero é prometer visibilidade e
"publicidade" às empresas, com
divulgação dos nomes dos parceiros nos veículos oficiais de comunicação -e, principalmente, nos
discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costumam
ter ampla difusão na imprensa.
"Quando divulgamos as ações
[dos empresários], isso gera uma
nova ação na sociedade", afirma o
assessor especial da Presidência
Oded Grajew, responsável pelo
contato com os empresários. A
nova ação é justamente a adesão
de outros empresários.
Quem participa do Fome Zero
recebe o certificado de "Empresa
Parceira do Programa Fome Zero". A empresa pode usar o nome
do programa, a principal grife do
governo na área social, para divulgar suas ações no setor.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva é a parte mais importante do
esquema de divulgação. Ele cita
nominalmente -e repete- em
seus discursos as empresas e as
associações que já aderiram aos
programas sociais do governo.
Lula tem dito publicamente estar
satisfeito com a participação dos
empresários nas causas sociais.
"Nunca a sociedade esteve tão
ávida por participar de programas sociais. Até hoje nenhum pedido feito pelo governo foi recusado", afirmou Lula no dia da cerimônia do lançamento do Bolsa-Família, no dia 20 passado.
Grajew, que atuou em pelo menos duas campanhas eleitorais
aproximando Lula do empresariado, é o mentor da estratégia.
Segundo ele, está cada vez mais
claro que, quando Lula cita a ação
de uma empresa, está estimulando a participação de outras.
"A divulgação das carências,
dos problemas, dos apoios e, posteriormente, das soluções é um
estímulo poderoso para conquistar novas adesões", diz Grajew.
O exemplo mais claro dessa "cadeia" é a publicidade em torno da
participação da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) no
Fome Zero. A Febraban irá financiar, neste ano, a construção de 10
mil cisternas em cidades da região
do semi-árido nordestino, atendidas pelo Fome Zero. O custo do
projeto é de R$ 12 milhões e a meta é construir 1 milhão de cisternas em quatro anos.
A adesão da Febraban foi anunciada pelo Planalto em abril. Lula
já citou a participação da federação em pelo menos dois discursos
e, no próximo dia 30, deve inaugurar uma cisterna na Paraíba.
Esse não é o único caso. O presidente anunciou em Nova York,
no dia 25 de setembro, a participação da Coca-Cola no programa
-a empresa construirá 27 restaurantes populares.
Também elogiou em discurso a
iniciativa da Abras (Associação
Brasileira de Supermercados) de
transformar 70 mil lojas em pontos de coleta do Fome Zero.
A próxima operação de publicidade ocorrerá em torno do programa "Queroler - Biblioteca para
Todos", cujo objetivo é criar bibliotecas públicas em 1.185 municípios que não dispõem desse serviço. Os outdoors da campanha
publicitária -que não terá custos
para o governo- têm espaço para 25 patrocinadores.
Unificação
Ontem, o governo começou a
pagar o primeiro lote dos benefícios do Bolsa-Família a aproximadamente 120 mil famílias. Até
o próximo dia 4, 1,2 milhão de famílias receberá o primeiro pagamento do programa.
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