São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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TODA MÍDIA

Ainda não

NELSON DE SÁ

No início da noite, um dos destaques do UOL trazia o título "Líder da campanha diz que Serra já ganhou", referência ao coordenador tucano Walter Feldman.
Foi quando entrou no portal a informação de que havia caído a vantagem de José Serra sobre Marta Suplicy, que ecoou no SPTV e no Jornal Nacional -que trouxeram ainda a queda retratada no Ibope.
Da manchete do UOL:
- Vantagem de Serra sobre Marta cai para 7 pontos.
Nada de "já ganhou", como Serra bem avisou.
 
Bem diversas do portal foram as manchetes dos sites eleitorais de Serra e Marta.
Para o primeiro, "Serra é líder no Ibope e no Datafolha".
Para o segundo, "A virada já começou!!! Datafolha e Ibope confirmam: Marta cresce".
 
Por coincidência ou não, duas horas depois o horário eleitoral tucano entrou com o mais duro ataque a Marta, desde o início da campanha.
De uma só vez, jogou no ar as imagens dos célebres bate-bocas entre a prefeita e uma dentista, mostrado originalmente pelo Brasil Urgente (Band), e entre a prefeita e o âncora do SPTV, Chico Pinheiro.
Do locutor da propaganda do PSDB, sobre as cenas:
- É lamentável que a prefeita de São Paulo, que tem que dar o exemplo aos eleitores, tenha um comportamento desse tipo.
A palavra "comportamento", em relação a Marta, foi repetida cinco vezes.

SOB BALA


Soldado brasileiro em tiroteio no Haiti, na Globo


Por conta da eleição nos Estados Unidos, vêem-se à exaustão os confrontos no Iraque. Mas as imagens que chegam do Haiti começam a ganhar dramaticidade. Na Globo e nas demais redes, ontem, "um momento de tensão para as tropas do Brasil no Haiti":
- As tropas foram atacadas a tiros por rebeldes leais ao ex-presidente Jean-Bertrand Aristide. Elas revidaram. Não há informações sobre mortos ou feridos.

Para o Brasil e o mundo

A Globo se perguntava "quem é melhor para o Brasil, Bush ou Kerry?", ontem de manhã, e saía dizendo:
- A população condena a guerra e parece preferir Kerry. Mas empresários e acadêmicos acham que Bush, por ser liberal [em comércio], é melhor para a economia brasileira.
Não para o ex-embaixador Rubens Barbosa. Com um ou com outro, disse ele:
- Nós vamos continuar a ter excelentes relações diplomáticas e continuar a ter uma série de conflitos na área comercial.
A analista Míriam Leitão, na seqüência, observou que Bush não foi tão liberal. Mas destacou que Kerry vai rediscutir acordos comerciais e "incluir cláusulas sociais e ambientais, para efeito de sanções comerciais".
 
No UOL, Lillian Witte Fibe tratou ontem do assunto com Mendonça de Barros. Segundo o ex-ministro, com Bush ou Kerry, os EUA vão "exportar a recessão" ao Brasil.
 
Antes da Globo e do UOL, o "Valor" trouxe uma reportagem ontem sobre como o governo vê a eleição americana:
- Ainda que de uma forma bastante discreta, a cúpula do governo brasileiro torce pela reeleição de Bush.
Estariam na torcida ministros como Antônio Palocci, Roberto Rodrigues e Luiz Furlan. Um dos temores seria a escolha, para secretário de agricultura na eventual administração Kerry, do governador de Iowa -dado como protecionista.
Mas o governo Lula também tem sua pequena torcida por Kerry, liderada pelo chanceler Celso Amorim, em defesa do multilateralismo. Nessa direção, um especialista ouvido disse que não se pode esquecer que "o Brasil está no mundo e, para o mundo, Kerry é melhor".
 
Reportagem no site do "New York Times" mostrou que apreensão igual atinge governos pelo resto do mundo.
Na Itália e no Japão, que apoiaram a invasão do Iraque, a torcida é por Bush. Já o britânico Tony Blair, para se reaproximar da Europa, vê Kerry com bons olhos. Quanto à América Latina, "as preferências estão ligadas a questões comerciais".

Oportunidade
A imagem de uma longa fila de caminhões no Paraná ilustrou ontem uma reportagem do "New York Times" sobre a "pressão" que o crescimento do comércio externo vem fazendo sobre a infra-estrutura.
O texto, não de Larry Rohter, mas do correspondente Todd Benson, tratou a infra-estrutura como setor de "oportunidade para investimentos".

"Avalanche"
Na febre das declarações de voto que está vivendo a mídia americana, a publicação on-line Slate abriu o de todos os seus jornalistas e colaboradores.
John Kerry venceu, no que a própria revista qualificou como "uma avalanche". Até as estrelas Christopher Hitchens e Mickey Kaus, defensores ardorosos de Bush quando invadiu o Iraque, agora apoiaram Kerry.


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