São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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PAINEL

Esticando a corda
Enquanto a oposição volta a pronunciar a palavra "impeachment" nas CPIs, os palacianos, convencidos de que a ameaça já passou, defendem em privado que está na hora de engrossar com os adversários de Lula.

Pele de cordeiro
Caracterizado pela propaganda informal do governo como um quase-santo, o chefe-de-gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, é um dos que têm estimulado postura mais agressiva em relação à oposição.

Irmão Rocha
Na Esplanada, um dos expoentes da "linha dura" é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o primeiro a colocar o nome do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e a palavra "nazismo" na mesma frase.

Ao ataque
Hoje, na primeira reunião da nova Executiva do PT, o terceiro-vice, Jilmar Tatto, vai propor que o partido represente contra Eduardo Azeredo, derrubado da presidência do PSDB por suas relações de financiamento eleitoral com Marcos Valério.

Guarda-roupa
Comentário de um oposicionista diante de cena metafórica incluída no programa do PT levado ao ar ontem à noite: "OK lavarem a camiseta. Mas o problema não era na cueca?".

Mercado de papéis
Está em oferta na praça uma lista de nomes de petebistas aos quais Roberto Jefferson teria repassado os R$ 4 mi oriundos do valerioduto. A relação é falsa.

Bedel
Aldo Rebelo (PC do B-SP) contribui para aumentar o corre-corre na Câmara. Nos últimos dias, o presidente da Casa resolveu descontar os salários de quem faltar às sessões em plenário. Justificativas para ausências, somente por escrito.

Novo fôlego
Depois de descansar no feriado, o advogado de José Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, voltará ao STF. Desta vez, para impetrar mandado de segurança recorrendo da decisão da Comissão de Constituição e Justiça que mandou prosseguir o processo contra o deputado.

Exemplo a seguir
Para Oliveira Lima, a persistência de Dirceu visa "mostrar sua inocência, brigar por seu direito de defesa". Radiante com a vitória de ontem no Supremo Tribunal Federal, ele diz que aprendeu com seu cliente a ser um "advogado-guerrilheiro".

Efeito dominó
Com a necessidade de releitura e nova votação do relatório de Júlio Delgado (PSB-MG) sobre José Dirceu, corre risco de ser adiada a votação do parecer do deputado Benedito de Lyra (PP-AL), que será pela absolvição de Sandro Mabel (PL-GO), acusado de oferecer R$ 1 mi a uma colega para trocar de partido.

Caixa-postal
A quebra do sigilo telefônico de Mabel não oferece elementos comprovadores de seu envolvimento no "mensalão". Entre os personagens-chave do caso, apenas Delúbio Soares aparece. Foram dez ligações do deputado para o então tesoureiro petista, e duas no sentido oposto.

Delivery
Já a quebra de sigilo do líder do PP, José Janene (PR), é mais substanciosa. Ele ligou 90 vezes para Orlando Martins, office-boy da SMP&B, 25 para a própria agência de Marcos Valério e 19 para Adriana Boato, secretária da empresa. Telefonou outras 34 vezes para Delúbio.

Linha direta
O cruzamento das ligações recebidas por Janene mostra 100 chamadas da SMP&B, 27 de Orlando Martins, 20 de Adriana Boato, 5 da corretora Bônus-Banval e 2 de Delúbio.

TIROTEIO

Do pefelista José Carlos Aleluia (BA), líder da minoria na Câmara, sobre a decisão majoritária do Conselho de Ética contra José Dirceu (PT-SP):
-José Dirceu era o governo Lula sem mandato presidencial. Com sua saída de cena, fica Lula com mandato, mas sem governo. Isso é muito injusto!

CONTRAPONTO

Na primeira fila

Relator do processo contra José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética, Júlio Delgado (PSB-MG) decidiu acompanhar, anteontem, a sessão da Comissão de Constituição e Justiça que votou o parecer do deputado Darci Coelho (PP-TO) propondo o encerramento do caso no qual ex-ministro é réu.
Lá chegando, Delgado foi abordado por José de Abreu, integrante de um grupo de artistas e intelectuais que apóia o petista.
-Deputado, nem sou do PT, mas acho um absurdo o que estão fazendo aqui com o Dirceu-, protestou o ator.
-Vou encenar uma peça chamada "Fala, Zé", em que abordo o tema. Em dezembro irei a Juiz de Fora. Gostaria que o senhor fosse assistir-, completou ele.
O mineiro, que pediu a cassação de Dirceu, não se constrangeu com a menção a sua cidade:
-Pode deixar. Vou assistir à sua peça com o maior prazer!


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