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"MENSALÃO"/A HORA DE DIRCEU
Zeca Dirceu, que é acusado de improbidade administrativa praticada na Casa Civil quando seu pai era ministro, questiona "alarde" sobre assunto
Filho de Dirceu ataca atuação de procurador
EDUARDO SCOLESE
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público
Federal, o prefeito de Cruzeiro
D'Oeste (PR), Zeca Dirceu, filho
do deputado federal José Dirceu
(PT-SP), divulgou ontem nota na
qual contesta a atuação do procurador Luciano Rolim no procedimento administrativo que identificou suposto uso da Casa Civil
para ajudar com estrutura e pessoal sua candidatura à prefeitura.
Zeca também questiona o "alarde
criado em torno do assunto".
Hoje pela manhã, o procurador
entrará com uma ação na Justiça
Federal por suposta improbidade
administrativa contra Zeca, o deputado federal e ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-assessor do Planalto Waldomiro
Diniz. Relatório da procuradoria
afirma que Dirceu, pai de Zeca,
montou um esquema na Casa Civil para auxiliar o envio de recursos públicos a cidades do noroeste
paranaense entre 2003 e o início
de 2004.
Por conta do foro privilegiado
de Dirceu em ações penais, Rolim
encaminhará hoje à Procuradoria
Geral da República todo o procedimento administrativo do caso.
Segundo ele, há indícios de crimes
de tráfico de influência e advocacia administrativa.
Ontem, em nota, o filho de José
Dirceu atacou a imprensa, dizendo que as reportagens tentam
"inexplicavelmente" relacionar os
fatos ocorridos em 2003 (reuniões
em Brasília e repasses de verbas)
com "supostos benefícios" à sua
candidatura. "Fica claro o objetivo político de relacionar os fatos à
crise política nacional."
No texto, Zeca Dirceu afirma ser
"muito estranho e questionável" a
duração de dois anos das investigações, ataca o "vazamento" de
informações à imprensa e diz que
o procurador "não tinha competência legal" para investigá-lo e
processá-lo.
Procurado pela reportagem,
Rolim disse que não houve vazamento, que a investigação não foi
protelada nem precipitada, e que
a lei que trata de improbidade administrativa deixa claro que qualquer agente público está sujeito a
sanções por tais práticas. "É meu
dever prestar esclarecimentos à
imprensa depois de ter concluído
o relatório", disse o procurador.
Mercadante
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP),
também contestou ontem, na tribuna da Casa, a denúncia de Luciano Rolim.
Para Mercadante, as ações de
Zeca Dirceu foram legítimas, pois
ele exercia funções públicas. Ele
foi chefe em Umuarama do escritório da secretaria de Trabalho do
governo do Paraná. "Se ele não tivesse o sobrenome do pai, isso
não seria tratado em nenhum lugar. Ele não pode ser perseguido
pelo vínculo familiar."
O líder do governo ainda afirmou que a divulgação da denúncia na véspera do julgamento, pelo Conselho de Ética do pedido de
cassação de José Dirceu atenta
contra o Estado de Direito. Para
ele, isso não estaria em consonância com o princípio de isenção investigativa. Mercadante fez um
apelo para que o Conselho Nacional do Ministério Público analise
o caso, assim como a imprensa.
Apesar de o senador ter subido
à tribuna para defender Dirceu
nesse episódio, a relação entre os
dois não é boa. O ex-ministro o
acusa, nos bastidores, de omissão
na atual crise política e pretende
atrapalhar os planos do senador
de concorrer ao governo de São
Paulo no próximo ano.
(FK)
Leia manifesto em defesa de Dirceu na www.folha.com.br/053001
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