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Política econômica é criticada por sociólogo
MICHELE OLIVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A CAXAMBU
O sociólogo Helio Jaguaribe, 82,
defendeu ontem o abandono gradual da política econômica praticada pelo governo, alertou para o
risco de perda da autonomia nacional, criticou o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (mesmo tendo votado duas vezes nele) e defendeu a candidatura do tucano
José Serra à Presidência.
O sociólogo participou de conferência no 29º Encontro Anual
da Anpocs (Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em
Ciências Sociais) em Caxambu
(MG). Ele disse que, se o país crescer a taxas inferiores a 6% nos
próximos 20 anos, corre o risco de
se transformar em uma "província do império americano".
O abandono do atual modelo
econômico, porém, não pode ser
feito de maneira brusca, disse ele.
Para Jaguaribe, Serra teria competência para efetuar a transição.
O sociólogo, que se disse amigo
de Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirma
ter votado duas vezes em Lula,
mas que se mostrou decepcionado com o governo petista, classificado por ele como uma "cópia
carbono" do desempenho dos tucanos na área econômica.
"O Fernando Henrique desapontou ao fazer uma política neoliberal contrariando o que se esperava de um social-democrata.
Já o Lula, um socialista-democrata, fez igual, só que pior", disse.
Jaguaribe explicou por que o
Brasil está "estagnado desde a década de 80". Para o sociólogo, fundador do Iseb (Instituto de Estudos Políticos e Sociais) na década
de 50, os culpados são a adoção da
ideologia neoliberal, as pressões
do mercado financeiro internacional e a influência norte-americana na América Latina.
Segundo Jaguaribe, a adoção do
que chama de "neodesenvolvimentismo" deve contar com a regulação estatal da economia e o
controle de capital estrangeiro
aliados a uma preocupação social.
Disse ainda ser fundamental a
consolidação de uma aliança com
a Argentina. Ele criticou a predominância do neoliberalismo no
pensamento econômico local.
A jornalista Michele Oliveira viajou a convite da Anpocs
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