São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Ética, segurança e emprego marcam duelo final na TV

Alckmin cita dossiê ao atacar Lula, que destaca problemas da violência em SP

Impaciente, Lula chegou a segurar o braço de Alckmin enquanto dava respostas a perguntas de eleitores em encontro na Globo


FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Corrupção, segurança e economia provocaram os maiores ataques entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), no último debate desta eleição, realizado ontem à noite, no Rio, pela TV Globo.
Nos momentos mais quentes, Lula chegou a segurar o braço de Alckmin enquanto dava suas respostas. Ao final, os dois candidatos trocaram apenas um rápido aperto de mão.
Desde o início, o petista mostrou-se mais impaciente e agressivo, tentando desqualificar as respostas e as críticas de Alckmin ao seu governo.
"Debate é bom porque cada uma fala o que quer, sem precisar assumir a responsabilidade", disse Lula sobre um comentário de Alckmin a respeito da falta de investimento em educação. "Parece que você não leu o jornal hoje", afirmou depois sobre pergunta relacionada ao meio ambiente.
Nos três primeiros blocos do debate, 12 eleitores indecisos formularam perguntas temáticas aos candidatos. Para questionar, os eleitores foram escolhidos em um sorteio. As questões envolveram temas como educação, Previdência, saneamento e emprego, entre outros.
Depois de uma resposta do tucano sobre a Previdência, Lula disse que "muitas vezes os candidatos não medem as palavras que falam".
Lula acusou o governo FHC de acabar com os médicos peritos, o que teria ajudado a aumentar "o roubo" na Previdência, com os gastos com o auxílio doença crescendo de R$ 3 bilhões para R$ 13 bilhões, supostamente por causa de fraudes.
Sobre esse mesmo tema, Alckmin rebateu perguntando por que o governo concedeu R$ 9 bilhões ao fundo de aposentados da Petrobras (o Petrus) e negou reajuste para os aposentados. Lula desconversou e voltou à Previdência.
O confronto esquentou também durante comentários sobre o desemprego.
"Tem diminuído, mas não na conta que gostaríamos", disse Lula. O petista afirmou que foram criados 7,7 milhões de empregos em seu governo, com ou sem carteira assinada. "Vamos trabalhar intensamente para diminuir", disse.
"Entendo que o Brasil está perdendo oportunidades", rebateu Alckmin ao comparar o crescimento baixo do Brasil com o de outros países da América Latina.
"O Alckmin adora brincar com números pois imagina que o povo não vai checar. O Brasil está preparado para crescer", afirmou o presidente.
Alckmin retrucou: "A realidade não é essa. Todo mundo sabe. Pobreza no interior e nas regiões metropolitanas é o que temos. O governo anterior foi melhor que o dele porque o mundo cresceu menos. O que pode explicar o mundo crescendo 5% e o Brasil só 2%?"
"Lamentavelmente, Alckmin, você não está falando coisa séria", disse Lula, lembrando a crise financeira na transição de governo em 2002. "O Brasil quebrou. O Brasil perdeu US$ 10 bilhões em um dia. Foi esse governo que ele diz que não vale nada que fez a economia crescer e a inflação baixar. Dizer que a economia piorou é remar contra a maré."
Em seguida, ao responder a pergunta sobre segurança, Lula disse que a "perfeição da polícia de São Paulo resultou no PCC" e "o cuidado dele [apontando para Alckmin] com os adolescentes, na Febem".
Ao comentar a questão de um eleitor sobre corrupção, foi a vez de Alckmin partir para o ataque: "Os escândalos não param. Não apuraram nada, escondem tudo. Nem o dinheiro do dossiê, 45 dias depois, ninguém diz [de onde veio]. Não é possível o Brasil continuar assim. O primeiro mandatário tem de dar exemplo, e as coisas começaram dentro do Palácio do Planalto", disse.
"O Alckmin chuta as coisas. Falar é fácil", disse Lula, olhando para o adversário. "Quando você deita a cabeça no travesseiro, sabe que ninguém neste país fez investigações como estamos fazendo", disse.
No quarto e último bloco, os candidatos fizeram perguntas livremente. Lula perguntou de onde viria o dinheiro para a questão da segurança.
Em uma tirada, Alckmin levou a platéia aos risos ao afirmar que pensou que Lula, quando falou em dinheiro, explicaria de onde veio "o dinheiro para a compra do dossiê".


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