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Ética, segurança e emprego marcam duelo final na TV
Alckmin cita dossiê ao atacar Lula, que destaca problemas da violência em SP
Impaciente, Lula chegou a segurar o braço de Alckmin enquanto dava respostas
a perguntas de eleitores em encontro na Globo
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Corrupção, segurança e economia provocaram os maiores
ataques entre o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e seu
adversário, Geraldo Alckmin
(PSDB), no último debate desta
eleição, realizado ontem à noite, no Rio, pela TV Globo.
Nos momentos mais quentes, Lula chegou a segurar o
braço de Alckmin enquanto dava suas respostas. Ao final, os
dois candidatos trocaram apenas um rápido aperto de mão.
Desde o início, o petista mostrou-se mais impaciente e
agressivo, tentando desqualificar as respostas e as críticas de
Alckmin ao seu governo.
"Debate é bom porque cada
uma fala o que quer, sem precisar assumir a responsabilidade", disse Lula sobre um comentário de Alckmin a respeito
da falta de investimento em
educação. "Parece que você não
leu o jornal hoje", afirmou depois sobre pergunta relacionada ao meio ambiente.
Nos três primeiros blocos do
debate, 12 eleitores indecisos
formularam perguntas temáticas aos candidatos. Para questionar, os eleitores foram escolhidos em um sorteio. As questões envolveram temas como
educação, Previdência, saneamento e emprego, entre outros.
Depois de uma resposta do
tucano sobre a Previdência, Lula disse que "muitas vezes os
candidatos não medem as palavras que falam".
Lula acusou o governo FHC
de acabar com os médicos peritos, o que teria ajudado a aumentar "o roubo" na Previdência, com os gastos com o auxílio
doença crescendo de R$ 3 bilhões para R$ 13 bilhões, supostamente por causa de fraudes.
Sobre esse mesmo tema,
Alckmin rebateu perguntando
por que o governo concedeu R$
9 bilhões ao fundo de aposentados da Petrobras (o Petrus) e
negou reajuste para os aposentados. Lula desconversou e voltou à Previdência.
O confronto esquentou também durante comentários sobre o desemprego.
"Tem diminuído, mas não na
conta que gostaríamos", disse
Lula. O petista afirmou que foram criados 7,7 milhões de empregos em seu governo, com ou
sem carteira assinada. "Vamos
trabalhar intensamente para
diminuir", disse.
"Entendo que o Brasil está
perdendo oportunidades", rebateu Alckmin ao comparar o
crescimento baixo do Brasil
com o de outros países da América Latina.
"O Alckmin adora brincar
com números pois imagina que
o povo não vai checar. O Brasil
está preparado para crescer",
afirmou o presidente.
Alckmin retrucou: "A realidade não é essa. Todo mundo
sabe. Pobreza no interior e nas
regiões metropolitanas é o que
temos. O governo anterior foi
melhor que o dele porque o
mundo cresceu menos. O que
pode explicar o mundo crescendo 5% e o Brasil só 2%?"
"Lamentavelmente, Alckmin, você não está falando coisa séria", disse Lula, lembrando
a crise financeira na transição
de governo em 2002. "O Brasil
quebrou. O Brasil perdeu US$
10 bilhões em um dia. Foi esse
governo que ele diz que não vale nada que fez a economia
crescer e a inflação baixar. Dizer que a economia piorou é remar contra a maré."
Em seguida, ao responder a
pergunta sobre segurança, Lula
disse que a "perfeição da polícia
de São Paulo resultou no PCC"
e "o cuidado dele [apontando
para Alckmin] com os adolescentes, na Febem".
Ao comentar a questão de um
eleitor sobre corrupção, foi a
vez de Alckmin partir para o
ataque: "Os escândalos não param. Não apuraram nada, escondem tudo. Nem o dinheiro
do dossiê, 45 dias depois, ninguém diz [de onde veio]. Não é
possível o Brasil continuar assim. O primeiro mandatário
tem de dar exemplo, e as coisas
começaram dentro do Palácio
do Planalto", disse.
"O Alckmin chuta as coisas.
Falar é fácil", disse Lula, olhando para o adversário. "Quando
você deita a cabeça no travesseiro, sabe que ninguém neste
país fez investigações como estamos fazendo", disse.
No quarto e último bloco, os
candidatos fizeram perguntas
livremente. Lula perguntou de
onde viria o dinheiro para a
questão da segurança.
Em uma tirada, Alckmin levou a platéia aos risos ao afirmar que pensou que Lula,
quando falou em dinheiro, explicaria de onde veio "o dinheiro para a compra do dossiê".
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