São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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PF afirma que sócio admitiu uso de laranjas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz de Azevedo, disse ontem que um dos sócios da casa de câmbio Vicatur, de Nova Iguaçu, "confessou o uso de laranjas desde 2000". Segundo a PF, parte dos dólares que seria usado na compra de dossiê contra tucanos foi sacada na Vicatur em nome de "laranjas".
Os sócios da Vicatur, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas, foram indiciados ainda por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, disse o superintendente, que não divulgou o nome de quem confessou. Até ontem sabia-se que os dois responderiam por crime contra o sistema financeiro e uso de documento falso.
Um dos sócios tem "relações pessoais" com um dos "laranjas". A PF não informou se eles são parentes ou amigos. Lorenz afirmou que os sócios da Vicatur e os "laranjas" não informaram quem realmente ficou com o dinheiro sacado na casa e que seria usado na compra do dossiê. Segundo ele, os acusados não citaram nenhum nome ligado ao PT.
O dinheiro do dossiê (R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil) foi apreendido com emissários do PT em 15 de setembro no hotel Ibis, em São Paulo. Segundo Lorenz, desde 2000 a Vicatur pagava comissões a uma família de "laranjas" para que fornecessem documentos e aparecessem como sacadores de dólares. Esse esquema era usado para esconder os verdadeiros donos do dinheiro.
A PF fez buscas na Vicatur à procura, além de documentos, de fitas do circuito interno de TV da casa. Lorenz não soube informar se o delegado Diógenes Curado encontrou os vídeos que podem identificar os sacadores. Em Ouro Preto (MG), a PF informou ter ouvido cinco laranjas, incluindo Viviane Gomes da Silva. O nome dela foi usado na compra de US$ 44,3 mil no guichê da Vicatur. Silva teria recebido R$ 3.000 por ceder seu documentos. O delegado Washington Clark de Cuiabá comandou as investigações em Minas Gerais.

Freud
Lorenz afirmou que o juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, deu ao menos 30 dias de prazo para a PF concluir as investigações sobre a origem do dinheiro. Schneider determinou, a pedido do Ministério Público Federal, que a PF investigue encontros do ex-assessor da Presidência Freud Godoy com assessores do PT e do presidente Lula.
Na primeira versão apresentada à PF, Gedimar Pereira Passos disse que a negociação para aquisição do material teria sido feita a mando de uma pessoa chamada Freud. O procurador Mário Lúcio Avelar quer saber por que Freud encontrou-se com Paulo Ferreira, tesoureiro do diretório nacional do PT.
O encontro ocorreu após Freud depor à PF em setembro e negar participação na compra do dossiê. Segundo Avelar, Freud se encontrou, na semana passada, com o assessor da Presidência Rogério Aurélio Pimentel. (HUDSON CORRÊA E LEONARDO SOUZA)

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