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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF crê que parte de dólares veio da Vicatur
Até agora, a casa de câmbio de Nova Iguaçu era tratada como suspeita de repassar recursos para emissários petistas
Além de diligências no Rio, a polícia tomou depoimentos em Minas, e suspeita que uma ponta do esquema estaria abrigada no Estado
DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O superintendente da Polícia
Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz, disse ontem que o
delegado que cuida do caso do
dossiê contra tucanos, Diógenes Curado, "está extremamente convencido" de que pelo
menos parte dos dólares
apreendidos com os emissários
do PT Gedimar Passos e Valdebran Padilha passaram pela casa de câmbio Vicatur, no município de Nova Iguaçu (RJ), na
Baixada Fluminense.
Até agora, pelo menos publicamente, a PF tratava a Vicatur
apenas como suspeita de ter sido usada para levantar parte
dos recursos que seriam usados
por Gedimar e Valdebran na
negociação do dossiê contra os
tucanos.
Anteontem, a PF indiciou os
donos da Vicatur, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel
Ribas, porque eles teriam confessado ter pago R$ 3.000 a "laranjas" para uma operação de
venda de US$ 44,3 mil.
Sirley e Ribas foram interrogados pelo delegado Diógenes
Curado, que preside o inquérito sobre o dossiê. Os dois teriam contado que pagaram R$
3.000 a Levy Luís da Silva para
que ele cedesse o próprio nome
e de outros oito familiares para
servirem como "laranjas" na
operação da compra dos US$
44,3 mil.
Levy também foi ouvido, mas
a PF não revelou o conteúdo do
depoimento dele. A polícia trabalha com a hipótese de que ele
usou o nome dos familiares
sem o consentimento deles.
Levy não foi indiciado.
Sirley e Ribas foram indiciados por crime contra o sistema
financeiro (artigo 21 da Lei de
Crimes Financeiros) e por falsificação de documentos (artigo 304 do Código Penal). As penas variam de 1 a 6 anos de prisão. Eles não foram localizados.
A PF apreendeu documentos
que comprovariam a operação
da venda dos dólares de forma
irregular. Segundo a legislação,
a casa de câmbio é responsável
pela identificação do comprador de dólar.
De acordo com a assessoria
de imprensa do Banco Central,
a empresa que comete alguma
irregularidade está sujeita à
instalação de um processo administrativo que pode gerar
desde multa até a cassação da
autorização para operar com
câmbio.
Além das diligências no Rio, a
PF tomou depoimentos de quatro pessoas em Minas Gerais e
suspeita que parte do esquema
pode ter uma ponta no Estado.
Anteontem, a polícia havia
identificado duas pessoas que
podem ter sido "laranjas" e que
estariam em Ouro Preto.
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