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Laranjas dizem que não deram CPF nem assinaram documento
DA SUCURSAL DO RIO
Laranjas acusados pela Polícia Federal de comprar dólares
para a aquisição do dossiê disseram ontem, por meio de um
representante, que seus nomes
foram usados indevidamente.
Eles não teriam assinado o documento de compra do dinheiro nem fornecido os CPFs à casa de câmbio Vicatur.
Esses laranjas são parentes
de Levy Luiz da Silva Filho, que
é cunhado da empresária Sirley
da Silva Chaves, sócia da Vicatur. Cabe a ele explicar o que
aconteceu, disse o representante, que não quis dar o nome.
Ele falou à Folha no início da
tarde de ontem na travessa em
que quase todos os "laranjas"
moram, no bairro Fragoso, em
Magé (cidade a 60 km do Rio,
na Baixada Fluminense).
Veladamente, Silva Filho
vem sendo apontado na travessa e nas imediações como responsável pelo envolvimento da
família com o caso do dossiê
contra políticos do PSDB.
O representante disse que
Silva Filho não estava em casa
ontem. Saíra para ir ao Rio. Ele
é funcionário dos Correios,
mas está licenciado por questões de saúde.
Sua mulher, Lucinéia Gomes, também não estaria em
casa. O salão de beleza que ela
tem no térreo do sobrado em
que mora parte da família não
funcionou ontem.
Depoimento
Como reforço da tese de que
foi Silva Filho, a pedido da cunhada sócia da Vicatur, quem
obteve ou falsificou as assinaturas foi reforçada pelo fato de
ele ter sido o único suspeito interrogado pelo delegado da PF
Diógenes Curado, que passou
dois dias no Rio de Janeiro em
investigações.
O interrogatório durou cerca
de 90 minutos, na tarde de
quarta-feira. O delegado não
ouviu os demais laranjas que
moram na casa e em frente,
também ocupada por parentes
de Silva Filho.
Os pais de Silva Filho estão
na lista de laranjas: o agricultor
Levy Luiz da Silva e a dona de
casa Demilde Gomes da Silva. O
casal mora em um sítio em Pau
Grande, localidade vizinha a
Fragoso. Ontem, segundo empregados, o casal tinha ido ao
médico, já que o "Vovô", como é
chamado na região, passara
mal quando soube do envolvimento de seu nome no episódio
do dossiê.
O sítio Rancho Alegre passou
recentemente por reforma. O
muro foi elevado, a casa, pintada, e o telhado, recuperado. A
obra aconteceu no primeiro semestre deste ano.
Também na rua da Cruzada
(a travessa em que moram Silva
Filho e parte de seus parentes),
houve melhorias nos imóveis.
Os dois sobrados ocupados pela
família destoam dos imóveis vizinhos, pois foram reformados
nos últimos meses. As fachadas
ganharam ladrilhos, esquadrias
de vidro e até varandas. As casas em volta são bastante pobres. A travessa é acesso à favela Serrano.
Na parte de trás do sobrado
do cabeleireiro moram Levy, a
mulher Lucinéia e a enteada
Glauce. As duas não estão na
lista "de laranjas". Na frente, vive Marinete, cunhada de Silva
Filho. Do outro lado da rua, vivem Uheliton Marcelo Gomes
e Marilcinéia Gomes, também
cunhados do suspeito.
Silva Filho também tem vínculos familiares com os "laranjas" radicados em Ouro Preto
(MG). Ele é pai de Viviane Gomes da Silva e Lidiane Gomes
da Silva, Sua ex-mulher, Maria
Gomes de Aquino, também é
laranja.
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