São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Dança com tucanos

Tanto ou mais do que contrapartidas reais, os tucanos necessitam de uma aparência de vitória na negociação com o governo para entregar seus votos à prorrogação do imposto do cheque. "O PSDB está louquinho para aprovar a CPMF", diz um governista envolvido nas conversas bilaterais. "Mas precisa ter um discurso. É isso que nós temos de providenciar."
O discurso importa mais que a prática porque nem todos os tucanos querem a mesma coisa. Enquanto uns defendem redução de gastos e de carga tributária, outros querem mais dinheiro para seus governos estaduais. Na verdade, diz um observador, "eles pedem para o governo dar seta à esquerda e virar à direita, para tentar acomodar suas próprias divergências".

À espreita. Enfraquecido pela derrocada de Renan Calheiros, o PMDB do Senado assiste quieto, porém atento, ao romance entre o Planalto e os tucanos. Se por acaso não der certo, o partido saberá se mostrar útil ao governo.

Na berlinda. O senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do mais delicado dos processos remanescentes contra Renan, contou a amigos ter recebido mais de mil e-mails críticos à sua falta de contundência até aqui.

Onde pega. No entender do governo, o ponto central de seu projeto para regulamentar as greves do funcionalismo público é o desconto dos dias parados, algo de que os sindicatos não querem nem ouvir falar. "Só isso resolveria 80% do problema", estima um auxiliar de Lula.

Fogo nas ventas. A cruzada movida por Rodrigo Maia, 37, para retomar os mandatos de deputados e senadores que deixaram o DEM rumo à base governista levou os desertores a carimbar um apelido no presidente do partido: Menino Maluquinho.

Optaram. Um grupo de intelectuais do PT prepara manifesto em defesa da candidatura de José Eduardo Cardozo à presidência do partido. Já assinaram o documento a economista Maria da Conceição Tavares, a filósofa Marilena Chauí e a historiadora Maria Victória Benevides. O deputado é hoje a terceira força da disputa, atrás de Ricardo Berzoini e de Jilmar Tatto.

Óleo na pista 1. O deputado Rui Falcão (PT) inicia amanhã a coleta de assinaturas para instalar na Assembléia paulista a CPI dos Pedágios, que terá como gancho a prorrogação em até oito anos dos contratos de concessão das rodovias do Estado à iniciativa privada, feita no apagar das luzes da gestão Alckmin-Lembo, em 2006.

Óleo na pista 2. O petista larga com 25 dos 32 nomes necessários. Como o governo Serra está teoricamente fora do escopo da investigação e Gilberto Kassab (DEM) mantém amigos na Casa, cresce a chance de Falcão atingir a meta. Alckmin, vale lembrar, ameaça atrapalhar o projeto reeleitoral do prefeito.

Estaca zero. Os candidatos naturais à sucessão do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), devem ficar todos fora da cédula. Patrus Ananias (PT) e Hélio Costa (PMDB) porque sonham com vôo mais alto em 2010. Eduardo Azeredo (PSDB) e Walfrido dos Mares Guia (PTB) porque abatidos pelo valerioduto.

Dedo no olho. As prévias petistas para as eleições municipais de 2008 no ABCD paulista, que começam neste final de semana, prometem emoções fortes. Em Santo André, a direção estadual avalia que já perdeu o controle da disputa entre a vice-prefeita Ivete Garcia e o deputado estadual Vanderlei Siraque.

Recorde. De julho a meados de outubro aumentaram em 1.200% as vendas de pílulas e de outros métodos contraceptivos nas unidades da Farmácia Popular, de acordo com o Ministério da Saúde. A cartela mensal de pílula é vendida a R$ 0,40 na rede do governo.

Tiroteio

Os que atacam Berzoini com o discurso da ética se esconderam debaixo da cama na crise do mensalão, coisa que nós não fizemos durante a CPI do jogo do bicho em Porto Alegre.


Do deputado ANDRÉ VARGAS (PT-PR), sobre a atitude do grupo liderado pelo ministro e ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro, que patrocina a candidatura de José Eduardo Cardozo à presidência do partido.

Contraponto

Combustível para votar

Sibá Machado (PT-AC) circulou pelo plenário do Senado, na semana passada, com uma bandeja repleta de produtos derivados de mandioca, cultura muito difundida nos Estados da região Norte. Ao exibir o mostruário para os colegas, o garoto-propaganda estimulava:
-Como não podemos levar a cana-de-açúcar para a Amazônia, vamos promover a mandioca!
Na bandeja havia álcool combustível, álcool neutro, base para perfume, vodca e cachaça.
-É melhor ninguém abrir-, brincou o petista, apontando para as amostras de bebidas.
Logo depois, ele mesmo pensou melhor e emendou:
-Bem, com isso aqui o governo aprova o que quiser...


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