São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Missão número 1

Ainda que venha a aceitar de bom grado novos cargos, a prioridade do robustecido PMDB no momento não é reivindicá-los, e sim garantir o comando das Casas do Congresso no biênio final de Lula.
No Senado, a bancada unificou o discurso de que não há motivo para ceder o posto ao PT. Na Câmara, os peemedebistas, que antes apelavam aos senadores em busca de um gesto que os ajudasse a apear o PT da presidência, agora mudaram o texto. "Onde está escrito que o PT apoiará o PMDB aqui se ocorrer o inverso no Senado?", diz Eduardo Cunha (RJ). Para Eunício Oliveira (CE), o PT estará "quebrando um acordo que propôs e assinou" se voltar atrás no apoio a Michel Temer (SP), com conseqüências imprevisíveis para a coalizão de governo e para a aliança em 2010.




Veja bem. Em privado, Lula tem dito que até topa o PMDB à frente das duas Casas, em especial se o presidente do Senado for José Sarney. O problema, diz, é o PT.

Caldo. Também a oposição ameaça o projeto petista de colocar Tião Viana na presidência do Senado. Hoje, em reunião da Executiva do PSDB, uma ala tucana defenderá o apoio a Sarney.

Não pode parar. Encerrada a campanha, o PT busca um veículo para manter a presidenciável Dilma Rousseff em evidência. Trata-se de uma série de debates que, a partir do primeiro semestre de 2009, discutirá programa de governo para o pós-Lula.

Por que não? O DEM nada dirá em público, mas vários de seus dirigentes acham que Guilherme Afif pode bem ser opção para liderar uma chapa demo-tucana em São Paulo, caso José Serra deixe o cargo para disputar o Planalto.

Quebra-cabeça. Eduardo Paes (PMDB) quer Jandira Feghali (PC do B) no secretariado do Rio. Mas a Saúde, que ela almeja, deve ser dada a alguém afinado com o governador Sérgio Cabral e o ministro José Temporão. No PT, que também terá pasta, o nome mais cotado é o do deputado estadual Gilberto Palmares.

Camuflado. Pedro Paulo, anunciado secretário da Casa Civil de Paes, é tucano só no nome. Não migrou para o PMDB apenas por causa da fidelidade imposta pelo TSE.

Rédea curta. O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), manterá o olho na transição para Marcio Lacerda (PSB). Na coordenação estarão seus secretários Jorge Nahas (Política Social) e Mário Assad (Assuntos Institucionais), que participaram da campanha vencedora.

No time. José Fortunati (PDT), vice na chapa do reeleito José Fogaça, chefiará secretaria especial destinada a tocar o projeto da Copa-2014 em Porto Alegre. Além disso, está cotado para ocupar a pasta do Planejamento.

Saldo. O PSDB perdeu em Londrina, mas o tucano Beto Richa saiu ganhando. Seja por ter o apoio do eleito, Antonio Belinatti (PP), seja porque a derrota de Luiz Carlos Hauly é também do senador Álvaro Dias, que disputa com o prefeito de Curitiba a vaga de candidato a governador.

Tombo. Aliados de Blairo Maggi (PR-MT) avaliam que o governador, derrotado em Cuiabá e Rondonópolis, terá dificuldade em fazer de Luiz Pagot, hoje no comando do Dnit, seu sucessor.

Onde pega. PSDB e DEM reúnem suas bancadas hoje no Senado para propor ajustes na MP 443. No caso dos "demos", foi acertada a apresentação de emenda que impede a Caixa de comprar empresas -leia-se, construtoras- em crise. Os "liberais" preferem socorro do Tesouro.

Cabo de guerra. Enquanto o PMDB tenta emplacar Rocha Loures (PR), o PT tentará fazer do deputado Pepe Vargas (RS), que redigiu o parecer do projeto da nova CPMF, como relator da MP anticrise na Câmara.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"A prioridade é compor com a oposição a Mesa do Senado. Se o presidente for do PT, sempre haverá dificuldade maior para isso."
De ROMERO JUCÁ (RR), líder do governo no Senado, oferecendo um argumento para justificar a resistência de seu partido, o PMDB, em abdicar do direito de comandar a Casa.

Contraponto

Pedido do além

Ainda no primeiro turno, Márcio Fortes participou de evento de campanha no município baiano de Jequié. Como de hábito, o ministro das Cidades retornou a Brasília com os bolsos recheados de envelopes contendo pedidos de eleitores. Ao abrir um deles, porém, tomou um susto: havia R$ 90, uma certidão de óbito e uma guia de sepultamento. Diante do que lhe pareceu uma ameaça velada, pediu a um assessor que investigasse o caso.
Dias depois, veio a conclusão: um dos eleitores, que arrecadava dinheiro para um funeral, havia se confundido e a despachado para o ministro o envelope errado. Num misto de alívio e preocupação, Fortes ordenou:
-Mande de volta agora! Pode até dar azar...


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