São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / ANÁLISE

Noiva de 2010, PMDB pode ter "dois maridos"

Para especialistas, peemedebistas não devem conseguir chegar a coesão nacional e podem se dividir entre Lula e Serra

José Serra projeta-se como o único presidenciável tucano e Lula ganha autonomia de um PT enfraquecido para conduzir a eleição em 2010

ANA FLOR
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mapa eleitoral que emerge das urnas impacta a corrida presidencial de 2010 em pelo menos três aspectos: o governador de São Paulo, José Serra, se projeta em definitivo como o presidenciável tucano, o PT enfraquecido dá autonomia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conduzir o processo de sucessão e o PMDB, fortalecido nacionalmente neste pleito, se afirma como a "noiva" cobiçada por tucanos e petistas. A análise é de cientistas políticos ouvidos pela Folha.
Para especialistas, o PMDB terá a opção de manter a coligação com PT ou nacionalizar a união com o PSDB. Existe ainda a possibilidade de lançar um nome próprio, como observa Celi Jardim Pinto, cientista política e diretora do Instituto de de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
"Aécio [Neves, governador mineiro do PSDB] pode se tornar o nome forte que o PMDB busca. A hipótese não é de toda obscura e agrada a Lula, que gostaria de ver a oposição dividida", diz Celi. Para a especialista, o mineiro poderia deixar o PSDB. Apesar da vitória de dois de seus afilhados, em Belo Horizonte e Juiz de Fora, Aécio saiu "chamuscado dessas eleições", diz David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).
O cientista político ressalta que tucanos alimentam o sonho de lançar "uma chapa puro sangue", com Serra na cabeça e Aécio vice. "Garante boa parte do eleitorado de Minas e de São Paulo, os dois maiores colégios do país. Mas o PSDB ainda teria que buscar votos no Sul e no Nordeste", afirma.
Nesta dobradinha sobraria pouco espaço para acomodar o PMDB, o que abriria caminho para o presidente Lula negociar com o PMDB. O cientista político Carlos Alberto Furtado de Melo, do IBMEC, acha que a eleição deste ano "mostrou que Lula é muito maior que o PT e que não há transferência de voto. "Perderam os setores que poderiam sair vitoriosos e, assim, interferir no processo de sucessão."
Melo e Fleischer dizem que o PMDB não conseguirá coesão nacional e deve se dividir entre Lula e Serra. "É provável que o PMDB de São Paulo esteja com Serra. Mas não dá para dizer que [Roberto] Requião (PR), e o Sérgio Cabral (RJ) seguirão."
O professor de Ciência Política da USP Gildo Marçal Brandão concorda. "O PMDB nunca foi unido." Ele afirma que as eleições municipais derrubaram a crença de que grandes líderes, nacionais ou regionais, elegem quem quiserem. "A idéia de que Lula e Aécio elegem "um poste" não é assim.


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