São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO

Redutos de Gabeira tiveram maior taxa de abstenção no Rio

Votação de domingo registrou 20,25% de eleitores faltosos na cidade, mas em áreas pró-verde índice chegou a 27,07%

Em regiões nas quais Paes teve mais votos, índice de abstenção foi de 19,73%; antecipação de feriado de servidor impulsionou faltas

DA SUCURSAL DO RIO

Na eleição mais apertada da história do Rio, as áreas em que Fernando Gabeira (PV) teve maior votação para a prefeitura foram também as regiões com maior taxa de abstenção -eleitores que não foram votar.
A votação de domingo registrou a maior proporção de abstenções em eleições municipais do Rio desde o segundo turno de 1996, quando Luiz Paulo Conde venceu o atual governador Sérgio Cabral Filho.
Foram 20,25% no domingo, contra 21,42% há 12 anos. As taxas foram, em 2000, de 16,43% e 18,65% (primeiro e segundo turno, respectivamente) e, em 2004, de 15,88%.
As áreas onde Gabeira teve votação maior do que o prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB) registraram o maior percentual de faltosos: na zona norte, foram 22,09% do eleitorado; na zona sul, 25,78%; e no centro, 27,07%. Nas três regiões, taxas são maiores que as de 2004.
Essas regiões concentram apenas 24,11% do eleitorado carioca. No subúrbio e na zona oeste, áreas onde estão 75,89% dos eleitores e nas quais o peemedebista superou o verde, a abstenção foi de 19,73% e 17,90%, respectivamente.
Para o cientista político Marcelo Burgos, a antecipação do feriado do Dia do Funcionário Público de hoje para ontem, por parte dos governos federal e estadual, fez crescer a taxa de abstenção. "Não é possível saber se Gabeira venceria ou não. Mas foi um elemento casuístico que interferiu na eleição."
Para o professor da PUC-Rio, "as pessoas, infelizmente, pensam que o seu voto não vai fazer a diferença". "O eleitor se dá conta de que a obrigatoriedade do voto pode ser driblada, que é uma obrigatoriedade incapaz de constrangê-lo." Quem não votou deve justificar a ausência ou pagar uma multa de R$ 3,51.
A antecipação do feriado por parte do governo estadual causou polêmica no segundo turno. Adeptos de Gabeira acreditam que a medida foi uma manobra do governador, pois este não teria um bom relacionamento com os servidores estaduais, que se recusariam a votar em Paes, seu afilhado político. A antecipação, no entanto, seguiu o calendário federal, definido no final do ano passado.
Segundo Cabral, enxergar no ato uma manobra política é "má-fé", pois é o décimo feriado antecipado, segundo ele, em seus 22 meses de governo.
A advogada Regina Martins lamentou não ter votado. Eleitora de Gabeira, ela acordou tarde no domingo e não conseguiu ir à sua zona eleitoral, no Méier (zona norte). "Acordei e olhei o relógio do computador, que não estava no horário de verão. Quando percebi, estava muito atrasada. Me senti muito culpada." (ITALO NOGUEIRA)


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