São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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PAINEL

Supergogó

O Planalto orientou o Ministério da Justiça e a Polícia Federal a ""bater bumbo" no combate ao narcotráfico. FHC avalia que isso dá ao governo uma trégua na mídia (tira de foco o noticiário econômico e político). A ordem é falar em ""bandeira permanente", ""megaoperação", ""cerco ao polígono da maconha", ""plano especial" etc.

Tirando o corpo 1

O governo já chegou a pelo menos um consenso sobre a crise da reforma tributária (FHC quer engavetá-la, e parte dos aliados, votá-la): botar a culpa pelo fracasso da negociação no relator do projeto, o deputado Mussa Demes (PFL-PI).

Tirando o corpo 2

Apesar de Mussa Demes ter sido eleito o inimigo nº 1 do governo na reforma tributária, sobra também para Antônio Kandir (PSDB-SP). No Planalto, acusado de fazer jogo duplo, dizendo uma coisa para o governo e outra para os deputados.

Autocrítica

Ao contrário da área econômica, que adotou uma postura fundamentalista contra o relatório de Demes, a área política concorda com o líder Arnaldo Madeira (PSDB-SP): o governo foi omisso e não fez nada para ajudar a reforma tributária.

Sem saída

Apesar da fama de intransigente, Mussa Demes admite que o projeto de reforma tributária de Everardo Maciel (Receita) é melhor que o seu em vários pontos. Um deles: não aumenta a carga tributária. Problema: não passa no Congresso. O de Mussa também não.

O preço da fama

Do governador Esperidião Amin (PPB-SC), sobre os políticos que sofrem investigação no Congresso: ""É a profissão mais perigosa do mundo. Quem acredita que o Hildebrando seria pego se não fosse deputado? Estaria livre até hoje no Acre".

Filho pródigo

O PSDB resolveu atrair de volta seu vice-presidente Mendonção, convidando-o para um jantar na terça, em Brasília.

Pacto de salvação

Cada partido aliado diz que terá candidatura própria a presidente só para se cacifar. PFL, PSDB e PMDB ainda pensam em candidatura única em 2002. "Se a gente não se safar juntos, separados será muito mais difícil", diz José Jorge (PFL-PE).

Por baixo dos panos

ACM disse ao PMDB que não instalou a Comissão de Ética do Senado pensando em cassar o mandato de Luiz Estevão, acusado de se beneficiar indiretamente de obra superfaturada do TRT paulista. Por enquanto, Jader Barbalho não aceitaria outra solução que não fosse a do Poder Judiciário. Se o baiano recuar, declara guerra ao PFL.

Suspeita fundada

O PMDB teme que a instalação da Comissão de Ética do Senado seja usada por ACM para ficar de bem com a opinião pública, cassando Luiz Estevão. Seria uma forma de o pefelista dizer que a CPI do Judiciário fisgou algo mais do que o juiz Nicolau Neto, acusado de ser beneficiário direto do superfaturamento de obra do TRT-SP.

Justiça cega

A estratégia do PMDB de deixar Luiz Estevão por conta do Judiciário faz sentido: João Alves (Orçamento), Jabes Rabelo (tráfico de drogas) e Sérgio Naya (Palace 2) foram cassados, mas continuam empurrando seus casos nos tribunais.


Na corda bamba

Na avaliação da cúpula pefelista, o ministro Rafael Greca (Turismo) não teve habilidade ao deixar que os bingos (e a associações destes ao crime) virassem um tema nacional. Foi taxado de administrador pouco competente. ""Não serve nem para gerente de quitanda", tem dito um senador pefelista.

Linha de campanha

Partidos de oposição como PT e PPS vão enfatizar na campanha eleitoral de 2000 que filiados seus não aparecem ligados ao crime. Já o PFL e o PPB...

TIROTEIO

De Malan (Fazenda), respondendo a Inocêncio, líder do PFL na Câmara, qual o motivo para os empresários da Confederação Nacional da Indústria darem apoio ao relatório de Mussa sobre reforma tributária:
- Eles não leram e não entenderam.

CONTRAPONTO

Stradivarius paraguaio
Adversários de Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do governo no Congresso, contam uma história para queimar o deputado. Segundo eles, Virgílio deu recentemente uma palestra num colégio de Manaus.
Com a veemência de costume, Virgílio ficou o tempo todo falando bem do governo FHC:
- Acabamos com a inflação! As privatizações ampliaram os serviços! Temos dez milhões de celulares!
No final, na hora das perguntas, um garoto sapecou, provocando gargalhadas:
- Deputado, o senhor está parecendo aqueles violinistas do "Titanic", que continuaram tocando sem perceber que o navio estava afundando.
Virgílio não perdeu a pose:
- Não sou violinista. E o governo Fernando Henrique Cardoso não é o Titanic. Fique tranquilo, jovem! O nosso navio não vai para o fundo, e eu não vou mudar de barco!
O estudante replicou:
- Deputado, o senhor continua tocando violino...


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